segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Abordagens críticas nos estudos brasileiros sobre empreendedorismo

Em fevereiro deste ano, comecei um esforço de localização e análise dos artigos sobre empreendedorismo publicados no Brasil. Ao longo do ano publiquei diversos posts sobre o que encontrei, tanto em termos quantitativos, quanto em termos qualitativos.
Pude observar que o campo tem crescido anualmente, com uma diversidade muito grande de temas de estudos. Em geral, os estudos sobre empreendedorismo no Brasil adotam uma perspectiva de análise funcionalista, tentando evidenciar que o fenômeno é inerentemente positivo e traz contribuições econômicas e sociais muito positivas. O empreendedorismo é visto como algo que ocorre em diversos níveis, indo desde o indivíduo até a sociedade, passando por grupo, organizações e setores de atividade. Assim, muitos estudos procuram evidenciar a relação entre empreendedorismo e sucesso individual, organizacional e nacional. Chamou minha atenção, ainda, que dentro dessa lógica, um grande número de estudos tratou da questão da educação para o empreendedorismo.
Em mais de um milhar de textos que pude acessar, são raros aqueles que adotam uma perspectiva de análise mais crítica, tentando evidenciar que o empreendedorismo pode ter também resultados negativos em qualquer um destes níveis de análise.
Os treze textos que localizei estão listados ao final desse post. Serão objeto de uma análise um pouco mais detalhada que estou escrevendo para tentar publicar em algum periódico brasileiro. Mas, o que chamou a minha atenção é que, os autores destes textos não compõem o grupo de pesquisadores mais prolíficos do tema e, na maior parte, não são do campo de pesquisa da Administração. É claro, que o empreendedorismo, por ser um fenômeno social, pode ser abordado sob as lentes de diversos campos do conhecimento. Mas, é, no mínimo muito interessante, observar que  as produções mais críticas sobre o empreendedorismo, não estão associadas à área de conhecimento a que a grande maioria dos autores brasileiros se vincula.
As análises mais críticas sobre o empreendedorismo surgiram mais recentemente no campo. O primeiro artigo que localizei foi publicado em 2007. Mas, é a partir de 2010 que eles se tornam mais frequentes, sendo que dez foram publicados entre aquele ano e 2015.
Em geral, estes estudos apontam aspectos negativos do empreendedorismo tentando evidenciar que este não é a panaceia geral que resolverá os problemas sociais e econômicos do mundo como é explícita ou implicitamente assumido por boa parte dos estudos no campo. As crítica feitas são, principalmente, dirigidas para considerações sobre o empreendedorismo como forma de trabalho autônomo que se insere em um aprofundamento da dinâmica neoliberal que transfere para o indivíduo a responsabilidade por criar e manter seu espaço produtivo laboral em nossa sociedade.
Apesar de variações em termos de profundidade e qualidade de análise, estes textos apontam para questões relevantes que me ajudaram a compreender um pouco mais esse objeto de estudo que me fascina.

BULGACOV, Y. L. M. et al Jovem empreendedor no Brasil: a busca do espaço da realização ou a fuga da exclusão? Revista de Administração Pública, v. 45, n. 3, p. 695-720, 2011.

BULGACOV, Y. L. M. et al Atividade empreendedora da mulher brasileira: trabalho precário ou trabalho decente? Psicologia Argumento, v. 28, n. 63, p. 337-349, 2010.

CASTRO, JÚLIO CESAR LEMES de. O amor virtual como instância de empreendedorismo e de reificação. Galaxia, n. 27, p. 72-84, 2014.

COLBARI, ANTÔNIA DE L. A retórica do empreendedorismo e a formação para o trabalho na sociedade brasileira. SINAIS - Revista Eletrônica - Ciências Sociais. v.1, n. 1, p.75-111, 2007.

COSTA, ALESSANDRA DE SÁ MELLO da; SARAIVA, LUIZ ALEX SILVA Ideologias organizacionais: uma crítica ao discurso empreendedor.  Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, v. 1, n. 2, p. 187-211, 2014.

COSTA, ALESSANDRA MELLO da; BARROS, DENISE FRANCA; MARTINS, PAULO EMILIO MATOS Linguagem, relações de poder e o mundo do trabalho: a construção discursiva do conceito de empreendedorismo. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 5, p. 995-1018, 2008.

DE TOMMASI, LIVIA; VELAZCO, DAFNE A produção de um novo regime discursivo sobre as favelas cariocas e as muitas faces do empreendedorismo de base comunitária. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 56, p. 15-42, 2013.

GUIMARÃES JÚNIOR, EDWARD HUMBERTO; MACÊDO, KÁTIA BARBOSA Saúde e trabalho do empreendedor: um estudo em psicodinâmica do trabalho. Fragmentos de Cultura, v. 23, n. 3, p. 335-347, 2013.

HIRATA, DANIEL Street commerce as a ‘problem’ in the cities of Rio de Janeiro and São Paulo. Vibrant, v. 11, n.1, p. 96-117, 2014.

LEITE, ELAINE DA SILVEIRA; MELO, NATÁLIA MAXIMO e Uma nova noção de empresário: a naturalização do “empreendedor”. Revista de Sociologia e Política, v. 16, n. 31, p. 35-47, 2008.

LOURES, HAMILTON LOPES Empreendedorismo: uma visão política de seus fundamentos.  Periódico Científico Negócios em Projeção, v.6, n.2, p. 93-104, 2015.

MARQUESAN, FÁBIO FREITAS SCHILLING; FIGUEIREDO, MARINA DANTAS de De artesão a empreendedor: a ressignificação do trabalho artesanal como estratégia para a reprodução de relações desiguais de poder. Revista de Administração Mackenzie, v. 15, n. 6, p. 76-97, 2014.

SALGADO, JULIA Corpo miserável, espírito empreendedor: empreendedorismo, pobreza e desemprego no Brasil. Em Pauta, v. 10, n. 30, p. 129-147, 2012.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Reflexões sobre um modo quase rogeriano de ensinar

Quando fiz mestrado em administração na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, entre 1982 e 1983, fiz duas disciplinas de Didática do Ensino Superior, com o Professor Gilberto. Naquela época fiquei positivamente impressionado com as ideias de Carl Rogers sobre educação, especialmente as presentes em seu livro Liberdade para Aprender que propunham uma aprendizagem centrada no aluno. Ao longo desses trinta e cinco anos de carreira no ensino universitário o meu descontentamento com processos de ensino/aprendizagem centrados no professor foi se acentuando. Tenho feito leituras recentes de outras obras de Rogers tentando me aproximar de uma prática rogeriana sempre que possível.
Com o passar dos anos, sentia-me cada vez mais desconfortável em ter que dirigir a aprendizagem de alunos em idade adulta, especialmente quando era responsável por conteúdos onde não é possível ter uma resposta única para o agir administrativo. A prática da administração é apoiada em um conjunto de técnicas, instrumentos e ferramentas, tais como, fluxo de caixa, orçamento, programação linear, layout, plano de negócio, planejamento estratégico, métodos de diagnóstico, entre outros. Mas, o que considero essencial na administração é que esta é uma prática de (re)construção de uma determinada ordem social que depende de uma competência complexa que se centra na busca do consentimento, interesse e ação efetiva de outras pessoas, seja dentro da própria organização ou fora dela. Essa re(construção) pode ocorrer em diferentes níveis da sociedade: grupos de pessoas, partes da organização, organização, grupos de organizações, setores econômicos, nações. Nesse sentido, a maior parte do conhecimento administrativo útil não é universal, mas sim contingencial, devendo sua prática se ajustar a diferentes momentos ou situações organizacionais. Isso significa que, embora o domínio de ferramentas e métodos seja importante para a prática da administração, seu uso não é o que determina o alcance dos objetivos desejados coletivamente por todos os envolvidos nessa (re)construção social.
Ora, o ensino de métodos, ferramentas e instrumentos pode ser mais frutífero se é feito de forma diretiva por um professor que domina seu uso e é capaz de treinar os estudantes na utilização correta dessa parafernália administrativa. Mas, o cerne da administração não se pode aprender por processos instrumentais, ao contrário, a construção de conhecimento em administração passa por processos reflexivos e devem ser objeto de uma aprendizagem, que no dizer de Carl Rogers, deve ser significativa. Mas o que é isso?
Em Liberdade para aprender, Rogers diferencia entre a aprendizagem instrumental e a significativa. A primeira está relacionada com a memorização de um modo de fazer e sua consequente reprodução de maneira certa. É dirigida pelo professor que é visto e, quase sempre, se comporta como um depósito de saberes que comunica conhecimento. Por outro lado, a aprendizagem experiencial ou significativa tenta desenvolver o conhecimento sobre modos de fazer, na busca da construção de um conhecimento individual sobre o como agir. Esta aprendizagem é autodirigida, cabendo ao professor um papel de facilitador que orienta e ajuda a criar condições propícias para que ocorra.
A proposta rogeriana baseia-se no pressuposto de que a construção do conhecimento é automotivada e centrada em alguns princípios. Na página 5 de Liberdade para aprender aprendi com Rogers que a aprendizagem significativa ou experiencial:
·         Tem a qualidade de um envolvimento pessoal: a pessoa, como um todo, tanto sob o aspecto sensível quanto sob o aspecto cognitivo, inclui-se no fato da aprendizagem;
·         É auto-iniciada: mesmo quando o primeiro impulso ou o estímulo vem de fora, o senso da descoberta, do alcançar, do captar e do compreender vem de dentro;
·         É penetrante: suscita modificação no comportamento, nas atitudes, talvez mesmo na personalidade;
·         É avaliada pelo educando: este sabe se está indo ao encontro das suas necessidades, em direção ao que quer saber... O lócus da avaliação, pode-se dizer, reside afinal no educando; e
·         Significar é a sua essência: quando se verifica a aprendizagem, o elemento de significação desenvolve-se, para o educando, dentro da sua experiência como um todo.
Mais ao final do livro, Carl Rogers elabora sobre o propósito da aprendizagem significativa. Para ele, esta deve ajudar o estudante a tornar-se uma pessoa em pleno funcionamento, ou seja:
·         Uma pessoa que funcione livremente em toda a plenitude das suas potencialidades organísmicas;
·         Uma pessoa que será realista, auto-engrandecedora, socializada e apropriada em seu comportamento;
·         Uma pessoa criativa, cujas específicas formas de comportamento não são facilmente previsíveis; e
·         Uma pessoa sempre em mudança, sempre em desenvolvimento, sempre a descobrir-se a si mesmo e ao que há de novo em si, a cada instante sucessivo do tempo.
Mas, é possível ser rogeriano dentro das restrições que nos impõe nosso sistema de ensino universitário? Não é possível, mas podemos tentar nos aproximar dessa ideia fazendo alguns ajustes em nossas práticas enquanto professores. É o que venho tentando, tanto na graduação quanto na pós-graduação. Nesta última, é uma tarefa menos árdua, pois um mestrando ou doutorando tem, ou pelo menos deve ter, um alto grau de autonomia na escolha de que conhecimento deseja construir. Na graduação, as amarras são mais fortes. Espera-se um comportamento mais diretivo dos docentes. Uma ênfase muito forte em conteúdo a ser transmitido é desejada. Tenho resistido na medida do possível a essas restrições sistêmicas. Em poucas palavras, eis o que consigo fazer.
Primeiramente, reconheço as restrições que devo observar: a) temos um conteúdo que deve ser analisado (Mas podemos escolher o que enfatizar, o que aprofundar, o que não aprofundar, até mesmo ir além!); b) temos um cronograma definido e obrigação de estar presente nos encontros previstos (O professor em 100%, os estudantes em 75%); c) temos que fazer avaliação formal (podemos usar diferentes formas, por exemplo auto-avaliação (estudante) e hetero-avaliação (professor); podemos escolher como fazera avaliação); d) a avaliação deve ser feita em dois momentos (na metade e ao final dos encontros semanais).
Em segundo lugar, tento misturar um mínimo de direção com um máximo de escolha do que aprender por parte dos estudantes. Quando começo uma disciplina, estabeleço um prazo de duas semanas, para o estudante refletir sobre suas metas de aprendizagem e preparar seu projeto de aprendizagem onde estabelecerá objetivos e duas produções significativas. Estas produções podem ser na forma de: a) ensaio sobre um dos temas de estudo da disciplina; b) relato de um estudo de caso de uma organização; c) organização de um evento sobre tema da disciplina (implica na entrega de um relato escrito para documentação); d) relato de uma pesquisa empírica sobre algum tema da disciplina; e) qualquer outro projeto que o estudante julgue que possa ser significativo na construção de seu conhecimento. As produções significativas podem ser individuais ou grupais. Eu, por outro lado, estabeleço um programa de leituras sobre os conteúdos da disciplina, cabendo a cada estudante a leitura de um dos textos e apresentação para a turma. Os demais leem os textos que quiserem ler. Se o estudante quiser pode procurar outro texto diferente daquele que lhe foi distribuído desde que seja sobre algum tópico previsto na ementa da disciplina.
Por fim, assumimos alguns compromissos e um sistema de avaliação misto. Os meus compromissos são: a) estar presente em todos os encontros previstos (minha obrigação); b) sugerir e organizar atividades de aprendizagem que possam ser significativas; c) prestar orientações sempre que for necessário, desde que previamente agendado quando não for no horário dos encontros; d) buscar fontes de informação documentais e pessoais que possam ser acessadas pelos estudantes; e) tentar ser justo na hetero-avaliação; f) não definir atividades ou tarefas a serem feitas extra-classe além da leitura e preparação da apresentação de um texto; g) registrar presenças em dois momentos (antes do intervalo e ao final do encontro). Os compromissos do estudante são: a) estar presente em 75% dos encontros; b) realizar as produções significativas que escolheu; c) apresentar de forma consistente o texto que lhe couber; d) aprender o que julgar significativo; e) tentar ser justo na sua auto-avaliação.
A cada semestre insisto nesse formato. Algumas vezes com bom resultado, outras vezes o resultado não é tão bom. Neste semestre não estamos caminhando bem. Mas, quando em dúvida, procuro sempre pensar que o estudante é o protagonista de sua aprendizagem. Eu sou um mero coadjuvante. Ele ou ela precisa saber que, quando necessitar, estarei disposto a ajuda-lo(a) na construção de seu conhecimento. Como protagonista é o melhor juiz de seu avanço na construção do conhecimento. Dessa forma, o sistema de avaliação das disciplinas envolve uma autoavaliação (60% da nota) e uma heteroavaliação das produções feitas por mim (40%).
A autoavaliação é feita por meio de um instrumento que é construído de forma coletiva pelos estudantes em uma dinâmica que realizo no início de cada turma semestral. A partir de uma pergunta (o que é significativo para avaliar sua aprendizagem?) são construídos dez itens que serão respondidos individualmente pelos estudantes numa escala de 0 a 100. Na turma atual, os itens que surgiram foram:
Sempre busquei conhecimento sobre os temas da disciplina por iniciativa própria (Proatividade)
Fui sempre pontual nos encontros dessa disciplina (cheguei no horário estabelecido)
Minha participação nas atividades em sala foi muito intensa
Me organizei de forma adequada para a aprendizagem nesta disciplina
Me esforcei muito para aprender sobre os temas dessa disciplina
Fui sempre responsável no que diz respeito às atividades previstas para esta disciplina
Sempre estive presente nos encontros da disciplina em que deveria estar (assiduidade)
Meu interesse sobre esta disciplina sempre foi muito elevado
Sempre tive um comportamento adequado a um ambiente de aprendizagem durante as aulas
Sempre me comportei de forma ética na realização das atividades da disciplina

Além desses dez itens, havia duas questões dissertativas que indagavam: O que você mais gostaria de saber sobre o tema central desta disciplina? Por que?; e 2. O que você sabe sobre o tema central desta disciplina?
Depois que apliquei a primeira autoavaliação nesse semestre, resolvi fazer um pequeno teste de confiabilidade das médias atribuídas a um dos itens. Para isso utilizei a única medida objetiva que tenho sobre o comportamento dos estudantes nesse semestre que é o número de faltas de cada um. Fiz um teste de correlação entre a nota atribuída ao item de assiduidade realizada pelo estudante e o número de faltas que teve na primeira metade da disciplina. A correlação, considerando as respostas de 55 estudantes foi de -0,73 com um nível de significância menor que 0,001! A correlação entre média dos dez itens e número de faltas também foi negativa, mas menos forte e com um nível de significância menor que 0,10.
O resultado foi muito significativo, em termos estatísticos evidentemente. Mas, para mim significou um reforço significativo na construção de meu conhecimento e crença na possibilidade de tentar se quase rogeriano em minha prática docente. Fiz também uma pequena comparação entre as respostas de mulheres (33) e homens (22). Para quase todos os itens da avaliação, as médias não tiveram diferenças entre os gêneros. Apenas na questão da participação é que houve uma diferença significativa sendo que as mulheres se avaliaram como mais participativas do que os homens. Um rogeriano puro não estaria preocupado com estas objetivações de aprendizagem, mas este pequeno teste me deu um conforto e vontade de persistir nesse caminho.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A PRESENÇA DE MICROEMPREENDEDORES NA ECONOMIA DA CULTURA BRASILEIRA

Desde 2008, foi instituído no Brasil a figura do microempreendedor individual. Daniela Torres da Rocha e eu estivemos envolvidos em um estudo recente sobre a economia da cultura no Brasil. Nesse post, faço uma breve descrição da presença de microempreendedores individuais nas atividades culturais do Brasil. Pretendemos escrever um artigo analisando de forma mais detalhada a dinâmica da economia da cultura brasileira, mas achei que essas informações preliminares poderiam interessar a outras pessoas.
Entre alguns dados que levantamos, nos chamou a atenção o crescimento do número de microempreendedores individuais em diversos segmentos relacionados às atividades culturais no Brasil. Dados consolidados sobre a economia da cultura no Brasil não são facilmente encontrados. Em 2010, o Ministério da Cultura divulgou um relatório denominado “Cultura em Números” no qual é possível encontrar um panorama amplo sobre o setor cultural brasileiro, inclusive com dados sobre sua relevância econômica. A maioria dos dados disponibilizados são referentes aos anos de 2005 e 2006. Em 2006, as empresas culturais privadas no país representavam 5,7% do total de empresas. Quando se restringe a análise ao setor de serviços, as empresas culturais representavam 11,1% das empresas prestadoras de serviços no Brasil. Em termos de setores econômicos, as empresas culturais eram, em sua maioria, empresas de serviços (61,4%), com 25,1% participando da indústria de transformação e 13,5% têm natureza comercial. Esses números revelam a importância da economia da cultura na economia brasileira.
De igual forma, a participação do setor da cultura em relação à geração de emprego e renda é significativa para o Brasil. As atividades culturais eram responsáveis por 4,1% do pessoal ocupado e 5,3% dos salários e outras remunerações, com um número médio de empregados por empresa igual a 5. A maioria das empresas do setor cultural era de micro e pequeno porte com 97,5% empregando menos que 20 pessoas. Segundo dados do IBGE, em 2010, no Brasil havia 2.102.698 pessoas ocupadas em atividades culturais, das quais 70% na condição de assalariados.
A partir de informações disponibilizadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fsistema.datasebrae.com.br%2F%23sebrae&h=_AQGXuzfP), foi possível identificar o tamanho dos diferentes segmentos culturais no período entre 2009 e 2013. Essa base de dados oferece, entre outras informações, a quantidade de empresas segundo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). As empresas são classificadas pelo porte em cinco categorias: Grande (G), Média (M), Pequena (P), Micro (Mi) e Microempreendedor Individual (Mei).
Com base nas informações coletadas foi possível identificar 68 atividades empresariais que foram consideradas parte da economia da cultura. Estas são listadas no quadro 1.
Quadro 1 – Atividades empresariais integrantes dos segmentos culturais
Segmento
Atividades
Artes Cênicas
Aluguel de palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário, exceto andaimes; Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares não especificados anteriormente; Ensino de artes cênicas, exceto dança; Ensino de dança; Gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas; Produção de espetáculos circenses, de marionetes e similares; Produção de espetáculos de dança; Produção de espetáculos de rodeios, vaquejadas e similares; e Produção teatral.
Artes Visuais e Eletrônicas
Atividades de produção de fotografias aéreas e submarinas; Atividades de produção de fotografias, exceto aérea e submarina; Comércio varejista de objetos de arte; Construção de obras-de-arte especiais; Ensino de arte e cultura não especificado anteriormente; Fabricação de chapas, filmes, papéis e outros materiais e produtos químicos para fotografia; e Laboratórios fotográficos.
Audiovisual
Aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares; Atividades de exibição cinematográfica; Atividades de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificadas anteriormente; Atividades de produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificadas anteriormente; Atividades de rádio; Atividades de televisão aberta; Atividades relacionadas à televisão por assinatura, exceto programadoras; Comércio atacadista de filmes, CDs, DVDs, fitas e discos; Comércio varejista de artigos fotográficos e para filmagem; Comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas; Distribuição cinematográfica, de vídeo e de programas de televisão; Estúdios cinematográficos; Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de áudio e vídeo; Fabricação de aparelhos fotográficos e cinematográficos, peças e acessórios; Operadoras de televisão por assinatura por cabo; Operadoras de televisão por assinatura por micro-ondas; Operadoras de televisão por assinatura por satélite; Programadoras; Reprodução de vídeo em qualquer suporte; Serviços de dublagem; e Serviços de mixagem sonora em produção audiovisual.
Humanidades
Atividades de bibliotecas e arquivos; Comércio atacadista de livros, jornais e outras publicações; Comércio varejista de jornais e revistas; Comércio varejista de livros; Edição de jornais diários; Edição de jornais não diários; Edição de livros; Edição de revistas; Edição integrada à impressão de jornais diários; Edição integrada à impressão de jornais não diários; Edição integrada à impressão de livros; Edição integrada à impressão de revistas; Impressão de jornais; Impressão de livros, revistas e outras publicações periódicas; Representantes comerciais e agentes do comércio de jornais, revistas e outras publicações; e Serviços de pré-impressão
Música
Atividades de gravação de som e de edição de música; Comércio varejista especializado de instrumentos musicais e acessórios; Ensino de música; Fabricação de instrumentos musicais, peças e acessórios; e Produção musical
Patrimônio Cultural
Atividades de museus e de exploração de lugares e prédios históricos e atrações similares; Restauração de obras de arte; e Restauração e conservação de lugares e prédios históricos
Produtos e Serviços para atividades culturais e outras atividades culturais
Agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas; Atividades de artistas plásticos, jornalistas independentes e escritores; Atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental; Discotecas, danceterias, salões de dança e similares; Fabricação de mídias virgens, magnéticas e ópticas; Parques de diversão e parques temáticos; e Reprodução de som em qualquer suporte
Fonte: Sebrae, 2016.

Estas informações permitiram descrever a evolução da economia da cultura no período de cinco anos. No período 2009/2013, o número de empresas da economia da cultura como um todo teve um crescimento de 159%, passando de 79.302 empresas em 2009 para 205.524 em 2013.
Esta taxa de crescimento foi diferente para cada porte de empresa. O número de grandes empresas teve um crescimento muito baixo (16%). As médias empresas tiveram uma redução de 8% nos cinco anos. O crescimento das pequenas empresas foi de 22% e o das Microempresas atingiu 26%. O destaque nesse período é o crescimento do número de Microempreendedores Individuais. Nesse período, o número de MEIs passou de apenas 1.245 em 2009 para 108.396 em 2013, o que significou um crescimento de 8.606%. Esse dado revela que a economia da cultura tem um predomínio acentuado de empreendimentos que envolvem um número muito pequeno de pessoas, visto que a figura do MEI, além do indivíduo empreendedor, permite a contratação de apenas mais um empregado.
Essa dinâmica de crescimento se evidencia ainda mais quando se analisa a participação proporcional de cada porte no número de empresa. Em 2009, as atividades empresariais culturais tinham uma presença majoritária de microempresas (79,60%) e pequenas empresas (16,08%). Ao longo dos anos, ao passo que a participação de MEIs foi aumentando, a dessas duas categorias foi diminuindo. Assim, em 2013, os MEIs representaram mais da metade dos empreendimentos culturais, ficando as Microempresas com 38,64% do total. Esses dados estão sintetizados na tabela 1.

Tabela 1 - Número de empresas da economia da cultura por porte (2009-2013)
Ano
G
%
M
%
P
%
Mei
%
Mi
%
Total
2009
292
0,37
1.893
2,39
12.748
16,08
1.245
1,57
63.124
79,60
79.302
2010
315
0,28
2.255
2,00
16.067
14,28
20.809
18,50
73.065
64,94
11.2511
2011
320
0,23
2.374
1,74
17.005
12,47
45.915
33,67
70.750
51,88
136.364
2012
347
0,21
1.714
1,02
14.267
8,48
76.491
45,48
75.381
44,82
168.200
2013
341
0,17
1.740
0,85
15.627
7,60
108.396
52,74
79.420
38,64
205.524
Fonte: Dados Sebrae, 2016.

Essa dinâmica foi reproduzida em cada um dos agrupamentos de atividades empresariais apresentados acima. Mas, com algumas pequenas diferenças quando se analisa os  números de 2013.. No segmento das Artes Cênicas havia uma presença majoritária de microempresas e microempreendedores individuais, 53,9% e 33,4% do total de empreendimentos, respectivamente. Por outro lado, nas Artes Visuais e Eletrônicas os microempreendedores Individuais eram 79,7% dos empreendimentos, enquanto que a participação de Microempresas foi de 18,0%. No setor de audiovisual, as microempresas eram pouco mais da metade dos empreendimentos (51,2%) e os micro empreendedores individuais foram 37,3%. A diferença de proporção de microempresas e microempreendedores individuais nas Humanidades foi menor, 47,77% e 39,94%, respectivamente. As atividades relacionadas à Música eram também predominantemente exercidas por micro empreendedores (70,13%), seguidos por microempresas (24,93%). O mesmo ocorreu com os empreendimentos do setor de Patrimônio Cultural: microempreendedores individuais foram 78,77% com 17,99% de microempresas. Por fim, no grupo composto por empresas de Produtos e Serviços para atividades culturais diversas e outras atividades, a presença majoritária foi de microempresas (79,94%) e apenas 1,45% de microempreendedores individuais.
Uma pergunta que pode ser interessante tentar responder diz respeito ao que levou a esta situação? Foi um movimento de formalização de muitos envolvidos com atividades culturais que atuavam na economia informal? Foi uma criação forçada de microempreendedores individuais por uma dinâmica de “terceirização” imposta por empregadores dos diversos setores da economia da cultura brasileira? Ou uma combinação dessas alternativas? Não temos essa resposta, mas um levantamento de motivações para a formalização de microempreendedores individuais na cultura seria uma forma de responde-la.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Estudos sobre empreendedorismo nos anos 2000: um rascunho de retrato da produção brasileira

Encerrando uma série de posts que iniciei em 10/04/2016 (http://3es2ps.blogspot.com.br/2016/04/estudos-sobre-empreendedorismo-no.html), hoje apresento um panorama da produção sobre empreendedorismo entre 2000 e 2016 que consegui localizar na Internet.

Em termos gerais, essa produção chegou a 1.042 artigos, veiculado em 307 periódicos, e de autoria de 1.944 pesquisadores. Como já comentei em outros post, toda essa produção foi localizada por meio de buscas realizadas no SPELL, na SCIELO e no GOOGLE usando os termos: empreendedor, empreendedorismo, criação de empresas, novos negócios e startup. Os termos foram buscados nas palavras-chave, título e assunto dos artigos para as bases SPELL e SCIELO.

Apresento na tabela 1 a lista de periódicos que publicaram pelo menos oito artigos neste período. São 33 periódicos que publicaram 550 artigos, representando 53% de toda produção localizada. O periódico com maior número de artigos foi a Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas que surgiu em 2012 e, até 2015, publicou 49 artigos sobre o empreendedorismo. Duas revistas empataram em segundo lugar com 35 artigos publicados: a Revista de Negócios e a Revista da Micro e Pequena Empresa. A primeira tem publicado artigos sobre empreendedorismo desde 2001, com publicações em quase todos os anos, exceto em 2003, 2011 e 2015. A segunda, por outro lado, desde 2007, tem contribuído na divulgação de estudos sobre empreendedorismo no Brasil. Em quarto lugar surge a Revista de Administração Contemporânea que, desde 2004, trouxe artigos sobre empreendedorismo, com uma média de dois artigos por ano, excetuando-se, 2014 quando foram publicados oitos artigos sobre empreendedorismo na RAC. Por fim, entre os periódicos mais antigos no cmapo da Administração, o empreendedorismo tem conquistado espaço na Revista de Administração, Revista de Administração de Empresas e Organizações & Sociedade. Estes periódicos estão entre os primeiros a publicarem textos sobre empreendedorismo no Brasil, conforme comentei em post anterior (http://3es2ps.blogspot.com.br/2016/09/genesedos-estudos-sobre.html). A Revista de Negócios também está nesse grupo precursor na publicação de artigos sobre empreendedorismo no Brasil antes do ano 2000.

Tabela 1 – Número de artigos publicados por periódico (2000-2015)
Periódico
Artigos
Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas
49
Revista de Negócios
35
Revista da Micro e Pequena Empresa
35
Revista de Administração Contemporânea
30
Revista de Administração Mackenzie
25
Revista Pensamento Contemporâneo em Administração
24
Revista de Administração
22
Revista de Ciências da Administração
21
Revista Eletrônica de Administração
21
Revista de Administração e Inovação
20
Revista Ciências Administrativas
18
Revista de Administração Pública
15
Cadernos EBAPE.BR
15
Revista de Administração de Empresas
14
Revista Alcance
14
Revista Gestão & Tecnologia
14
Organizações & Sociedade
13
Organizações em Contexto
13
Revista de Administração da UFSM
12
Revista de Administração da UNIMEP
12
Revista Iberoamericana de Estratégia
12
Gestão & Planejamento
11
Pretexto
11
Revista de Administração FACES Journal
11
Revista Eletrônica de Gestão Organizacional
11
Gestão & Regionalidade
10
Turismo Visão e Ação
10
Revista Capital Científico
9
Revista de Administração Contabilidade e Economia
9
Revista Gestão Organizacional
9
Turismo em Análise
9
Revista Economia e Gestão
8
Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios
8

Seguindo a estrutura que adotei nos post anteriores, na tabela 2 estão listados os temas identificados em cada um dos artigos encontrados. A maioria dos artigos foi classificada em apenas um tema. No entanto, alguns artigos eram transversais a mais de um tema e foram classificados em dois ou três. Nenhum artigo abordou mais do que três temas. No conjunto de artigos, delimitei 35 temas que evidenciam a diversidade de focos que são aplicados nos estudos sobre empreendedorismo no Brasil. Esta classificação foi baseada na leitura dos títulos, resumos e palavras-chave dos artigos. Entre os mais frequentes, encontram-se: atributos e tipologias de empreendedores; educação para o empreendedorismo; competências, aprendizagem e práticas empreendedoras; empreendedorismo social e negócios sociais; empreendedorismo feminino; e incubadoras e parques tecnológicos. Estes temas são o foco de 49,2% dos artigos localizados por mim. Um tema que vem sendo crescentemente discutido, mas que ainda tem pouca presença entre os estudos, é o processo empreendedor. Até 2005, foi abordado apenas em um artigo, mas a partir de 2006 teve sua presença ampliada sendo o foco de mais 38 artigos. O foco no processo empreendedor é um campo de estudo que pode ser melhor explorado pelos pesquisadores brasileiros e que tem, em minha opinião, um potencial de contribuição científica e prática muito elevado.

Tabela 2 – Número de artigos por tema (2000-2015)
Temas
Artigos
Atributos e tipologias de empreendedores
137
Educação para o empreendedorismo
103
Competências, aprendizagem e práticas empreendedoras
85
Empreendedorismo social e negócios sociais
74
Empreendedorismo feminino
59
Incubadoras e parques tecnológicos
55
Empreendedorismo e estratégia
46
Empreendedorismo e gestão
45
Empreendedorismo, ciência, tecnologia e inovação
41
Empreendedorismo e desempenho organizacional
41
Processo empreendedor
39
Intraempreendedorismo e empreendedorismo corporativo
37
Conceitos, modelos e teorias sobre o empreendedorismo
34
Empreendedorismo sustentável
32
Empreendedorismo internacional
26
Estudos revisionais e bibliometrias
26
Empreendedorismo nas profissões liberais
22
Políticas de fomento ao empreendedorismo
22
Empreendedorismo e desenvolvimento
20
Empreendedorismo juvenil
19
Finaciamento do empreendedorismo
15
Abordagens críticas no empreendedorismo
12
Abordagens, métodos e instrumentos de pesquisa em empreendedorismo
11
Estado empreendedor e empreendedorismo na administração pública
11
Condicionantes ambientais do empreendedorismo
10
Empreendedorismo rural
9
Universidade empreendedora
9
Empreendedorismo cultural
8
Empreendedorismo e marketing
8
Empreendedorismo e empresa familiar
6
Empreendedorismo e franquias
6
Empreendedorismo institucional
6
Representações do empreendedorismo na mídia
5
Empreendedorismo religioso
4
Empreendedorismo étnico
2

Por fim, menciono as pesquisadoras e pesquisadores com maior volume de produção em empreendedorismo no Brasil. Para fazer esse recorte, decidi listar aqueles e aquelas que publicaram pelo menos oito artigos nesses dezesseis anos sob análise. este critério corresponde a uma média de dois artigos por ano, o que é um indicador de produtividade elevada, visto que todos os que aparecem nesta lista também publicaram textos sobre outros temas dos estudos organizacionais no Brasil e, possivelmente, fora do Brasil. A lista é composta por dezesseis autores, entre os quais apenas um é estrangeiro – Louis Jacques Filion. Filion faz parte dos autores que publicaram sobre empreendedorismo no Brasil desde o começo das publicações sobre o tema no país. O primeiro artigo dele que localizei foi publicado na RAE em 1991. Entre os brasileiros da lista, destacam-se duas pesquisadoras – Rivanda Meira Teixeira e Hilka Vier Machado. A primeira teve 28 artigos publicados no período, sendo primeiro em 2008. A segunda, por sua vez, publicou seu primeiro artigo em 2003, e totalizou 26 artigos nesses dezesseis anos. Esse grupo de autores é composto por sete mulheres e nove homens. Como já evidenciei nos posts anteriores, a média de produção feminina tem sido um pouco maior do que a masculina. Nesses dezesseis anos, as mulheres publicaram, em média, 16,9 artigos, enquanto que a média para os homens foi de 11,3.

Tabela 3: Número de artigos por pesquisador (2000-2015)
Autores
Artigos
Ano - 1o. Art.
Rivanda Meira Teixeira
28
2008
Hilka Vier Machado
26
2003
Cristina Dai Prá Martens
17
2007
Fernando Gomes de Paiva Junior
17
2006
Vania Maria Jorge Nassif
16
2007
Louis Jacques Filion
14
2000
Fernando Antonio Prado Gimenez
13
2004
Glaucia Maria Vasconcellos Vale
12
2008
Henrique Mello Rodrigues de Freitas
12
2007
Candido Borges
11
2004
Tales Andreassi
11
2004
Marianne Hoeltgebaum
10
2002
Amelia Silveira
9
2005
Italo Fernando Minello
8
2012
Marcos Hashimoto
8
2010
Sérgio Carvalho Benício de Mello
8
2005

Ao chegar ao final desse post, você pode estar se indagando por que decidi fazer esse esforço. Como sempre, há muitas razões que me levam a conduzir algum tipo de pesquisa. Nesse caso, vou citar três.

A primeira é sempre a curiosidade. Sendo alguém que está envolvido com esses estudos há muito tempo, tinha curiosidade em conhecer mais sistematicamente o que se produz sobre empreendedorismo no Brasil.

Outra razão é mais pragmática e, também, pode ser mais significativa para a academia. Há tempos venho acalentando a ideia de escrever um livro sobre empreendedorismo que narrasse alguns aspectos da dinâmica da comunidade brasileira que investiga o empreendedorismo. Ao fazer este levantamento e as primeiras análises fui estruturando em minha mente um formato de livro que pretendo escrever e publicar no próximo ano. Espero ser capaz de fazê-lo. Pelo menos, o desejo e a intenção são fortes dentro de mim.

Por fim, há uma razão final: o prazer do estudo. Desde fevereiro desse ano, tenho feito leituras semanais do material que colhi. Tenho encontrado muita coisa de excelente qualidade e, também, muita coisa que pouco contribuiu para meu conhecimento. Além dos resumos, li quase 200 textos integrais que estão sendo registrados conforme os temas a que se relacionam. É o embrião do livro em desenvolvimento. Ler continua sendo algo que me dá muito prazer. Tão grande quanto a escrita. Sigo a minha jornada. De vez em quando, darei notícias dessa empreitada por aqui.