sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Capacidades Supercalifragilisticexpialidocious: Mary Poppins e a quase mágica da Administração

Lendo uma dissertação que será defendida brevemente no PPGADM, comecei a refletir e entrei em um looping aparentemente infinito:

Vantagens competitivas precisam ser constantemente renovadas.

Para isso, os administradores precisam desenvolver capacidades dinâmicas.

Mas, para desenvolver capacidades dinâmicas são necessárias capacidades distintas, as superdinâmicas.

Para construir capacidades superdinâmicas são utilizadas as capacidades ultradinâmicas. 

Por sua vez, para desenvolver capacidades ultradinâmicas, creio que os administradores precisam das capacidades hiperdinâmicas. 

Mas, como desenvolver capacidades hiperdinâmicas? Óbvio! Pela aplicação de capacidades megadinâmicas.

As capacidades megadinâmicas se tornam reais quando os administradores fazem uso das capacidades macrodinâmicas. 

Mas, estas só existirão se os administradores conseguirem criá-las pela aplicação de capacidades gigadinâmicas. 

E as gigadinâmicas como surgem? Pelo uso das capacidades megablasterdinâmicas. 

E por aí vai... Até que os administradores precisem pedir ajuda a Mary Poppins com as capacidades supercalifragilisticexpialidocious. Afinal de contas a Administração é quase uma mágica! Vocês não imaginam o que é possível fazer com um piscar de olhos.

A propósito, a dissertação está muito boa. Estou quase chegando ao fim. Leitura prazerosa e útil! Sempre aprendo com as dissertações que leio.

De vez em quando, até divago!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O sexto P do empreendedorismo: Prazer

Há dias estou com uma ideia na cabeça. Ao ouvir uma frase dita por uma personagem de seriado na televisão brasileira que dissera fazer algo por prazer e não por necessidade, imediatamente lembrei-me da oposição necessidade x oportunidade no empreendedorismo. Foi o momento da inspiração em que surgiu a possibilidade de juntar empreendedorismo com prazer. Mas, não avancei na ideia naquele momento.
Ontem ao final da tarde, fui ao Café da Praia na Prainha em São Francisco do Sul. Passando alguns dias de férias na companhia de Sara, sua mãe, Dona Aparecida, e suas irmãs, Nezilda e Marinelva, saímos em busca de um café e nos dirigimos à Prainha. Já havíamos visto o Café da Praia outro dia pela manhã, quando estava fechado. Decidimos experimentar o lugar.
O Café da Praia fica em um conjunto de pequenos empreendimentos em uma esquina. De um lado, há um restaurante especializado em tacos, nachos e burritos. No outro, uma loja de artesanatos. Depois de nos acomodarmos, esperamos algum tempo pelo nosso pedido. Houve uma certa demora na elaboração dele, mas em férias, ninguém tem pressa. Depois de algum tempo, minhas companheiras de viagem resolveram entrar na loja de artesanato. Eu fui pagar a conta. Depois caminhei um pouco pela pequena orla da Prainha. Sabia que a visista à loja de artesanato não seria de curta duração!
Como o movimento estava mais tranquilo, ao pagar a conta, perguntei a Fernanda desde quando o Café da Praia existia. Fernanda é uma das proprietárias e minutos antes estivera em nossa mesa perguntando sobre como tinha sido a experiência de consumo. Em especial, queria saber se havíamos apreciado o Café da Casa, uma criação dela feita com um tipo de café originário de Minas Gerais, com creme, canela e temperado, também, com cardamomo. Se apresentou e pediu desculpas pela demora. Em uma breve conversa com ela e o companheiro, cujo nome não guardei, descobri que o Café da Praia foi aberto em 18 de dezembro passado. Portanto, ainda não tem um mês de existência.
A ideia surgiu a partir da prática de Fernanda e seus familiares de fazerem tortas, salgados e doces que os amigos gostam muito. Em um mês, os dois e mais uma sócia aproveitaram a disponibilidade do espaço para alugar e resolveram criar o Café da Praia. Os dois são formados na área da Bilogia. Ela tem mestrado e ele doutorado em Oceanografia. A terceira sócia não conheci. Ao indagar sobre a continuidade das atividades no campo da biologia, ele me respondeu que Fernanda se dedicará integralmente ao Café da Praia junto com a outra sócia que não conheci, enquanto que ele manterá suas atividades profissionais.
Para quem estuda empreendedorismo, esta é uma história comum. Alguém que sabe fazer algo muito bem, resolve ofertar os resultados de sua prática em alguma forma de empreendimento. Mas, nessa breve conversa que tive com esses jovens empreendedores, uma frase de Fernanda me fez pensar na questão do prazer no empreender. Ao final da conversa, ela disse, não exatamente com essas palavras, algo assim:
_ Nós não colocamos muitas mesas no espaço externo, pois sabemos que ainda temos uma capacidade de atendimento limitada. Gosto de passar pelas mesas e conversar com os clientes.
Essa frase junto com a maneira com que Fernanda nos abordou em nossa mesa e a descrição que fez do Café da Casa, curiosa em saber nossa reação, me dizem que há no empreender um sexto P que não me ocorreu quando escrevei, neste mesmo Blog, o post sobre os Cinco Ps do Empreendedorismo. Estes passam agora a ser seis.
Na prática do empreendedorismo há uma fruição do prazer que se origina de muitas possibilidades. Entre elas, há sem dúvida, o prazer de fazer algo de que se gosta e que agrada a outras pessoas. Outra forma de prazer tem a ver com a noção de que a pessoa que empreende é motivada pelos resultados que obtém. Como bem disse McClelland, resultado não é apenas uma questão de dinheiro, embora esta seja a forma mais objetiva de mensurar resultados em um empreendimento comercial. Fernanda, ao buscar nossa impressão, estava na verdade em busca da confirmação de que o que fizera com prazer proporcionara prazer a outros. Se pensarmos bem, esta é uma das motivações principais que levam as pessoas a empreenderem. Em muitas conversas com mulheres e homens que empreendem observo a satisfação com que falam sobre seus empreendimentos. Ora, para mim, satisfação é uma decorrência do prazer. Não se fica satisfeito se não existe o prazer.
Concorda comigo?
De qualquer forma, concordando ou não, se algum dia passar pela Prainha em São Francisco do Sul, não deixe de conhecer o Café da Praia e saborear o Café da Casa. Caso queira conhecer virtualmente o Café da Praia veja a página deles no Facebook (https://www.facebook.com/cafedapraiaprainha). Saboreie o café, aprecie a paisagem e reflita. Sobre o que quiser, até mesmo sobre o prazer no empreender, o sexto P do empreendedorismo.