quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OS 5 Ps DO EMPREENDEDORISMO

Para todos os que me ajudaram a estudar empreendedorismo nos últimos 20 anos.

Passei dois dias e meio na UNICAMP participando de um curso sobre ensino para o empreendedorismo. Conduzido por Shirley Jamieson e Shiba Barakat da Universidade de Cambridge, o curso teve representantes de várias agências de inovação de universidades brasileiras e foi organizado pela INOVA UNICAMP.

Foi uma boa oportunidade de aprendizagem sobre a condução de programas de desenvolvimento de empreendedores. A experiência de Cambridge no tema foi o eixo condutor do curso, mas houve relatos das abordagens dos participantes brasileiros também.

Em determinado momento, um dos participantes mencionou um modelo que contêm três dimensões que explicam o sucesso no empreendedorismo: paixão, habilidades e mercado. Edmundo Inácio Júnior, meu amigo que reencontrei no curso, disse que essa ideia é mencionada por Tina Seelig no livro What I wish I knew when I was 20.

Foi nesse momento que, inspirado por essa ideia, minha atenção focou-se em meu caderno de anotações e minha presença no curso tornou-se apenas um fenômeno físico. Minha mente começou a viajar pelo mundo da imaginação!

Pensei: independente de qual seja o sucesso desejado, o que move empreendedores em direção ao sucesso que almejam?

Comecei a teorizar a partir do modelo citado por Tina Seelig e iniciei minha jornada, à maneira de Mintzberg, para encontrar os 5 Ps do empreendedorismo.

O primeiro P já estava no modelo: Paixão. Não sei o que o modelo diz sobre isso, pois não li o livro de Seelig. Para mim, paixão está relacionada com a dedicação que devotamos a algo ou alguém que nos aproxima da felicidade. A paixão por alguém é, quase sempre, mais gratificante  pois pode ser retribuída, mas no empreendedorismo o objeto de desejo é o empreendimento. Sem a paixão, será difícil surgir a apetência para atender as demandas desse objeto do desejo. Que as vezes pode ser um pouco obscuro! (um pouco de surrealismo Buñueliano).

Mas a paixão, embora necessária, não é suficiente. Ela precisa ser guiada por um Propósito, o segundo P. Para que essa paixão? Onde posso chegar com ela ou quero chegar? O propósito se refere à motivação para empreender. Qual é o objetivo do empreendedor?

Mas, não é só isso. Propósito tem a ver também com a razão de existência do empreendimento. O que é oferecido ao mercado, se for uma empresa, ou a sociedade, se for outro tipo de organização. Ou seja, tem a ver com o que chamo posicionamento co-opetitivo no mercado ou sociedade.

O terceiro P está parcialmente incluído no modelo citado por Seelig. Quando se fala de mercado, não se pode esquecer que mercados são Pessoas. É evidente a ligação do propósito com pessoas. Para ser bem sucedido, o empreendimento deve ter uma oferta capaz de atrair pessoas.

No entanto, essa dimensão extrapola esse sentido de ofertar algo desejado por pessoas. O empreendimento, em geral, necessita de outras pessoas para existir: empregados, sócios, fornecedores, parceiros etc. Para cada tipo de público, ha interações que precisam ser estabelecidas. Como convencer fornecedores a proverem as necessidades do empreendimento? Como atrair e manter pessoas trabalhando no empreendimento seja como sócios ou empregados. Como envolver pessoas de outros empreendimentos em parcerias?

Estas e outras questões conduzem para as Práticas, quarto P que imaginei. Empreender requer um saber fazer que é direcionado por três eixos: imaginar uma nova organização, buscar e articular recursos e tecnologias em um modo de operação e estimular e conduzir pessoas visando atingir objetivos. O quarto P se materializa nas Práticas desse saber fazer. Elas podem se manifestar pelo uso de ferramentas de diagnóstico, planejamento e controle ou são ações que surgem na lida cotidiana com as demandas do funcionamento inicial do empreendimento. Em essência, dizem respeito ao exercício de três papéis empreendedores: criador, organizador e condutor. Papéis pelos quais se manifesta o empreendedorismo individual ou coletivamente.

Enfim o quinto P é o Produto. Todo empreendimento se constrói em torno da capacidade de entregar um produto, tangível ou intangível, para a sociedade de forma mais ampla ou mercado, de forma mais estreita. É no Produto que surge o resultado de Paixão, Propósito, Pessoas e Práticas. De novo, tangível ou intangível, é o vir a ser do produto que justifica o ato de empreender. É devido à complexidade desse vir a ser que nossa sociedade precisa de empreendedores e empreendimentos. Se fosse trivial  não haveria razão para o empreendedorismo.

Assim, terminou minha jornada em busca dos cinco Ps do empreendedorismo. Cheguei onde minha imaginação pode me levar. 

Poderia retornar ao curso com nossas colegas inglesas, mas já está na hora de ir embora! Sobre o que foi a parte final do curso? Não me pergunte. Só meu corpo estava lá!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Qualquer Coisa, ou para ser professor de empreendedorismo é preciso...

Hoje, de novo, ouvi uma pérola do pensamento contemporâneo sobre educação em empreendedorismo:

Para ser professor de empreendedorismo é preciso  ser empreendedor.

Me pus a indagar:

Para ser professor de administração é preciso ser administrador?
Para ser professor de cinema é preciso ser cineasta?
Para ser professor de poesia é preciso ser poeta?
Para ser professor de história é preciso ser historiador?
Para ser professor de política é preciso ser político?
Para ser professor de física é preciso ser físico?
Para ser professor de engenharia é preciso ser engenheiro?

Para ser professor de contabilidade é preciso ser contabilista?
Para ser professor de religião é preciso ser religioso?

Ou seja, dá até para criar uma regra geral:

Para ser professor de qualquer coisa é preciso ser:

coisador?
coiseta?
coisasta?
coisico?
coisista?
coiseiro?
coisólogo?
ou coisoso?

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Casa nova, foto velha e eu construindo caminhos...


Para Ariston, em agradecimento pela sugestão.


Fernanda compartilhou no Facebook uma foto em que Telma e eu estamos bem jovens, Tirada entre o final dos anos 70 e começo dos 80, foi em um momento antes do casamento, se não me falha a memória. Momentos felizes foi a primeira emoção que me veio à mente. Ao coração seria mais preciso, não fosse a biologia!

Paloma nasceu quando nós já estávamos juntos há quase nove anos. Fernanda juntou-se a nós, um ano e quatro meses depois. O casamento durou mais uma década, talvez onze anos. Ao todo, foram mais de vinte anos. Cumplicidade amorosa temperada pela chegada dessas meninas lindas. Felicidade nas escolhas compartilhadas foi iluminando os meus caminhos de então.

Em algum momento, os caminhos se separaram. Dolorida no começo, a separação foi sendo compreendida e suportada aos poucos. Como na maioria dos casos, acredito, palavras voaram como facas de um atirador de circo mal treinado: machucaram, feriram, mas não foram mortíferas. É provável que nossa memória, tão mais inteligente do que nós, tenha enterrado todas em um canto escuro e inacessível.

Paloma e Fernanda enfrentaram o vendaval. Como puderam. Feridas também! Ficaram morando com a mãe. O pai tentou se fazer presente. Algumas vezes não conseguiu. Terão sido muitas? Espero que não. Mas para elas devem ter sabido a infinitas! Teria eu, por um tempo, esquecido como ser pai? Para elas, também, espero que a memória tenha sido uma aliada. Mas, vez ou outra, uma adaga ressurge. Torço para que a ferida reaberta seja pequena e cicatrize logo.

Final dos anos 90 marca o encontro com Sara. Risada contagiante que me ajudou na caminhada maringaense. Amor maduro que requereu aprendizado. Nem sempre foi fácil, mas valeu o esforço. Cada vez mais cumplicidade em caminhos distintos que se cruzam em algumas paragens. Junto a Sara, Amanda e Marcelo conhecem esse homem de fora, de poucas palavras, mas de sorriso fácil. Em um churrasco, na casa de Paulo, ao invés de ver jogo da seleção brasileira na Copa de 1998, prefiro ficar conversando com Marcelo, então com 9 anos. Sara observava. Deu no que deu! Que bom!

Aos 41, tudo se transforma de repente em minha vida. Os caminhos acadêmicos tornam-se menos solitários com a presença de Paulo, Ariston e Crubellate. Grandes conversas semanais em uma mesa de restaurante, muitas vezes continuadas nas salas da UEM. Olhares distintos que se completavam em trabalhos acadêmicos que me ajudavam a compreender melhor aquilo que estudava.

Fora da academia, fui afetando a vida de Sara, Amanda e Marcelo. Um forasteiro londrinense, meio calado, não muito chegado a beijos e abraços. Um dia leva todos para fora da casa da vó. Com o casamento, vamos morar na XV de Novembro, em Maringá. Algum tempo depois, para mais longe ainda. Nos mudamos pra Curitiba. O que seria uma temporada de quatro anos, já passou de uma década!

Nesses anos da vida adulta, que começa pelos idos de 1977, ocorre a saída da empresa familiar e o aprofundamento na vida universitária a partir de 1981. Chego ao topo da jornada em 2012: professor titular na UFPR. Segundo alguns, poderoso! Ainda não descobri em que! Mas, carrego comigo um senso de realização muito grande. Estudioso das pequenas empresas e depois do empreendedorismo, me sinto vaidoso quando me dizem referência. 

Me lembro de 1988, primeiro congresso internacional na Finlândia. Conheço Allan Gibb, que alguém me apresenta como o Mr Small Business da Inglaterra. Na época pensei:

_ Será que serei algo parecido um dia no Brasil?

Mais importante que tudo isso, são as amizades que surgiram em cada canto: Paulo Hayashi, Fábio Vizeu, Edmundo Inácio, Jane Mendes, Simone Ramos e Nobuiuki Ito. Acho que não podem imaginar o significado que deram a meus caminhos.

Depois da crise de 2010, um renascimento. Algo como surgir das cinzas! Vontade de construir novos caminhos. Viro blogueiro, poeta e estudante de cinema. Me maravilho com as novas paisagens! No começo Sara se assusta. Depois compreende. É o apoio dela, de Paloma e Fernanda que me faz ousar nessas trilhas. Um apoio que se mostra no olhar, no carinho e no afeto de cada uma. Não é preciso nada além disso!

Só fico em dúvida se tenho sido capaz de retribuir como elas merecem. Afinal de contas, sou geminiano! Uma amiga, me disse uma vez, ao me saber geminiano:

_ Tenho pena de sua mulher! Ela nunca terá certeza sobre seus sentimentos!

Fiquei chocado!


Nesse novos caminhos, planejo algo diferente: uma revista de cinema. Mas, uma revista livre, sem avaliação de artigos, sem comitê científico. Apenas, a presença de um coordenador que vai estruturar as edições periódicas e checar formatos. Um mínimo de padronização. O valor de cada texto será o leitor quem decidirá. Peço a ajuda competente de Admir Pancote que cria o site da Cinema Livre em Revista: relici.org.br. Empreendo!

Em breve em uma sala perto de você!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Estudo GUESSS BRASIL

http://guesssbrasil.org/2013/09/23/estudante-de-nivel-superior-concorra-a-premios-participando-do-estudo-guesss-brasil/

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Subvenção para micro e pequenas empresas de base tecnológica no Paraná

Uma boa oportunidade:
http://www.fappr.pr.gov.br/arquivos/File/chamadas2013/CP21_2013_Tecnova.pdf

domingo, 13 de outubro de 2013

O SIGNIFICADO DE SER EMPRESÁRIA

Passei dois dias fazendo o relatório de um projeto de pesquisa sobre mulheres empresárias. Tivemos a participação de quinze mulheres com empresas sediadas em Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. Esse esforço de pesquisa foi feito por uma equipe que envolveu, além de mim: Jane Mendes Ferreira,  Simone Cristina Ramos, Juliana Noschang Costa, Mario Nei Pacagnan e Karla Brunaldi.

Nossos objetivos foram, entre outros, revelar a autopercepção como empreendedora ou dirigente empresarial dessa mulheres e o significado que atribuem ao papel de empresária. Ao finalizar essa tarefa, me dei conta que aprendi muito com essas mulheres. É impressionante como conversar com elas sobre o que fazem e por que fazem, nos ajuda a compreender que a prática empreendedora e empresarial pode ser tão diversa, complexa e quase impermeável à um explicação teórica muito abrangente. São tantas as questões envolvidas no fazer empresarial dessas mulheres, que ao me dar conta delas, percebo a grande limitação dos modelos teóricos do campo do empreendedorismo.

Ao longo dos últimos anos, me distancio cada vez mais das grandes explicações universais e quero entender as minúcias de cada história empreendedora. Só para ilustrar sobre o que estou falando, deem uma olhada sobre o que significa ser empresária para oito dessas mulheres que nos contaram parte de suas histórias:

Olha, é gratificante. É uma sensação boa, e é uma sensação de uma coisa inacabada ainda. Inacabada porque ainda tem bastante coisa a ser feita, a gente ainda tem bastante sonho, bastante projeto, bastante vontade de modificar. Então, é uma sensação bem gratificante. Eu só não diria que eu confirmo que é uma realização inacabada, porque ainda a gente sempre está buscando mais. Mas se você for olhar para trás, a gente vê que a gente pode não ter crescido, tanto. Mas você olha, e você vê que você manteve, que você tem que você fez algumas benfeitorias. Então, isso aí é o que te deixa satisfeita vamos dizer assim.
Acho que ser empresária eu comparo com livre-arbítrio, em todos os sentidos. No sentido de você ter a possibilidade de trabalhar com o que você realmente ama e arcar com as consequências disso. De você ser uma empresária honesta ou de você ser uma empresária desonesta, e também arcar com as consequências de um lado ou de outro. De você ser uma empresária idônea ou não idônea e também arcar. E você ser uma empresária que pode eventualmente... a gente estabeleceu três fases, que é o que a gente quer que a empresa seja, que ela trabalhe na sua estrutura, na sua visão de empresa: cultura, educação e cidadania; são os três planos da empresa. E eu acho que ser empresária me permitiu trabalhar com as coisas que eu mais respeito.
Eu não era aquela que falava: “Vou ser empresária, empreender”. Quando eu fazia Administração todo mundo falava: “Vou abrir uma empresa. Eu falava: “Hum... Não, necessariamente!”. eu sou mais pé no chão, assim, acho. Ham... Mas eu ainda sonho em um dia poder ter uma equipe. Assim, debaixo da minha empresa, uma equipe, assim... Não sei se é uma utopia, mas de repente vai, neh? Uma equipe engajada, sabe? Aquelas pessoas, assim: “Puxa, eu adoro o que eu faço, eu ganho bem pra fazer, e eu não troco a empresa por nada”. Sabe aquele tipo de sentimento, é essa empresa que eu quero ter! Foi pra essa empresa que eu fiquei todos esses anos. Quando eu tinha minhas funcionárias eu pensava: “Eu quero que elas se sintam bem, eu quero que elas tenham um ambiente de trabalho gostoso, eu quero que elas ganhem bem”. Entendeu? Porque eu não quero ganhar sozinha. Sabe aquele sentimento? E eu, como eu tinha essa ideologia de trabalhar e de todo mundo ganhar pra todo mundo crescer, não dá certo, ou não deu certo. Mas eu ainda sonho com isso! Pra mim, isso é ser um bom empresário.
Ser empresária pra mim... Meu Deus do céu! É um redemoinho que chegamos para fazer dessa maneira... O que é ser empresária?... Empresária, nossa! É estar no mercado. Eu acho que eu não sou aquela empresária autoritária, aquela coisa assim, sabe? Eu considero assim... A gente se considera ... muito mais parceiro das indústrias, a gente tem essa civilidade como uma, vamos dizer, uma beneficie, um foco, uma coisa por aí, uma cartilha mesmo. Eu acho que me considero muito mais uma parceira.
Me enxergar? Faz pouco tempo! Então é bem assim... Ser empresária é você ter essa afinidade em conseguir identificar quando alguma coisa está sendo feita de maneira errada, ou que você poderia identificar e fazer algo melhor e tentar transformar essa realidade. Essa é a autonomia de você ir lá e falar, isso aqui realmente pode ser feito assim, deve ser feito assado. De você poder tentar fazer diferente, errar porque logicamente a gente vai levar umas pauladas e vai tentar fazer as coisas de maneira diferente, e ter essa autonomia de não fazer assim, porque agora não deu certo, mas posso fazer de outro jeito. Eh... Você conseguir transformar vidas também, porque na minha empresa eu pego pessoas que estão ou se formando ou pra se formar e eu movo essas pessoas pra poder fazer  a empresa do jeito conciliado que inda tem muito essa coisa de paixão, de amor.
Eu amo de paixão desde que eu sou criança, desde os meus 15 anos quando eu comecei a trabalhar firme com meu pai eu sou apaixonada em conversar com gente, em entrar em contato toda hora com pessoas, eu não consigo me imaginar – a gente fala assim “nós temos o dinheiro do dia, do mês e do ano” – aquele dinheiro do mês, não consigo imaginar. Então essa movimentação financeira, esse contato direto com pessoas, isso sempre me encantou. E isso é o que eu vejo num empresário. Eu não sou aquele empresário por trás dos panos, eu sou aquele que está de cara.
Para mim ser empresária é uma pessoa que está sempre dentro do ramo dela, mas está sempre buscando novos horizontes, está sempre se atualizando. Eu acho que nós sempre procuramos isso, porque veja, nós estamos fazendo 50 anos de loja esse ano, em Cascavel, e eu acho que a gente ainda está sempre no topo, eu acho que nós estamos sendo empresários dentro do nosso ramo. Por exemplo, na imobiliária nós não acompanhamos tanto esse ritmo, e nem na construtora, porque surgiram novos grandes construtores, e ouve os booms aí. Mas na loja nós estamos sempre procurando modificar, agora estamos fazendo essa reforma imensa.
Primeiro eu acho que é conduzir todo o processo produtivo..., é o conduzir, é eu estar disposta a desenvolver todas as atividades. Para mim não é só coordenar o processo e delegar funções, é eu planejar, é eu executar o processo, eu estar inteirada de todo esse processo, ter um relacionamento com as pessoas que me dão esse resultado; acho que empresária é uma pessoa aberta à sociedade em que ela vive, acima de tudo. Porque se você for uma pessoa introvertida, isso vai causar um impacto negativo. E na mesma forma na condução dos seus funcionários, eu acho que você tem que ter essa abertura. Então desde a organização, planejamento, condução, administração; pra mim ela é um leque que se abre e que você tem que procurar atender esse grande leque. Ele é às vezes um pouco pesado, não é tão leve como o próprio leque.

Quando me deparei com esses depoimentos, fiquei maravilhado! Seja sincero comigo, faz sentido transformar esses depoimentos em alguma forma de medida? Eu me convenço cada vez mais que não! A busca das regularidades quantitativas nesse campo me diz tão pouco, fica na superfície daquilo que quero entender! É muito melhor eu ir montando um caleidoscópio de fragmentos históricos e cada vez que olhar para eles, conforme eu gire o caleidoscópio, uma nova figura se forma, uma nova compreensão que não substitui as anteriores, mas que se junta a elas nessa compreensão inacabada e continuamente em transformação que minha memória vai armazenando.

Muito parecido com o que uma delas disse: É uma sensação boa, e é uma sensação de uma coisa inacabada ainda. Inacabada porque ainda tem bastante coisa a ser feita, a gente ainda tem bastante sonho, bastante projeto, bastante vontade de modificar. Então, é uma sensação bem gratificante.

O que ficou evidente para mim, nesse momento, é que esses significados carregam uma alta carga de subjetividade, mas ao mesmo tempo revelam um compartilhamento emotivo em relação aos efeitos que essa escolha de carreira profissional significa para essas mulheres. Vai além da competência administrativa e de negócios e apresenta, no seu âmago, um conjunto de emoções que parecem dar significado à própria vida. É um processo contínuo, inacabado, em construção, onde se pratica o livre arbítrio, novos horizontes são buscados, tentar transformar para melhor a realidade. É gratificante, é paixão, é redemoinho, é um leque que se abre, é uma realização inacabada...

Agradeço a essas mulheres por terem nos contado o que pensam sobre ser empresária.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Turismo no Alemão - uma agência de turismo no meio da favela

Para Mariluce e Cleber, empreendedores do turismo.

Sara e eu tivemos a oportunidade de conhecer um empreendimento um pouco diferente. A passeio no Rio de Janeiro, no domingo, 29 de setembro, pela manhã, resolvemos ir conhecer o teleférico do Complexo do Alemão. Uma estrutura impressionante de transporte coletivo que serve aos moradores das nove comunidades do Complexo do Alemão, mas também é usada por turistas que se aventuram a conhecer esta parte menos glamourosa da Cidade Maravilhosa. São cinco estações: a primeira em Bonsucesso e a última chamada Palmeiras.

Na última estação o desembarque é obrigatório. No trajeto é possível visualizar a multitude de casas se esparramando pelos vales e encostas dos diferentes morros. A maioria delas inacabadas, em um processo contínuo de construção. No começo de setembro tive a oportunidade de fazer esse trajeto, e chamou a minha atenção a molecada empinando pipas. Um espetáculo colorido e cheio de graça e movimento! Nesse domingo, tempo nublado, não havias pipas no ar!

Aos pés da estação Palmeiras, a última, há uma feira de artesanato local e diversas barracas de comidas e bebidas. Em uma das barracas de artesanato, encontramos Cleber vendendo caixas de madeira de diversos tamanhos, ilustrados com pinturas feitas por Mariluce, sua esposa. Há telas pintadas por Mariluce também. Esta é uma delas:


Cleber e Mariluce são os proprietários da Turismo no Alemão, uma agência de turismo que tem sua sede na comunidade Nova Brasília. Pessoa de papo agradável, usou uma expressão que me deixou intrigado:

_ Que tal viver uma experiência na favela? Não ficar só no safári teleférico!

Safári teleférico é como Cleber descreve a visita que turistas fazem, sem descer das estações. Chegam a um determinado ponto e embarcam de volta. No trajeto ficam olhando "os bichinhos" (expressão de Cleber) lá embaixo. Eu já sabia dessa proposta de passeio pela favela organizado por Cleber e esposa. Em outra viagem que fiz ao Rio, tínhamos conversado, mas não foi possível retornar para fazer o passeio. Dessa vez deu certo.

Sara e eu dissemos a Cleber que gostaríamos de fazer o passeio. Ele, de imediato, ligou para Mariluce e perguntou se ela poderia nos ciceronear. Outra expressão deles, não são guias de turismo, mas cicerones. Combinamos de começar o passeio por volta das treze horas, assim ao final poderíamos almoçar no Bistro Estação, que fica em Nova Brasília. Um parceiro da Turismo no Alemão. Era quase meio dia.

Como teríamos que esperar pouco mais de uma hora, resolvemos sentar e beber uma cerveja em uma das barracas. Fomos os primeiros. Aos poucos mais fregueses foram chegando, o dono da barraca instalou caixas de som ao largo da praça, e ficamos bebendo e ouvindo música. Muito forró, samba, pagode e funk. Alguns até ensaiaram um passos de dança. Nossa experiência estava começando.

Um pouco antes tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com dois garotos, pequenos vendedores de água mineral: Cassiano e Ricardo. Guris de prosa fácil também. Um deles veio com uma pegadinha:

_ Tinha o paçoca e o miçoca. O paçoca morreu. Quem sobrou?

Rindo muito, eu disse:

_ Miçoca, ué?

E Ruan fingiu que ia me socar. Espontâneos e carinhosamente cheios de amizade (carentes, será?), Cassiano e Ruan me inspiraram alguns versos que publiquei em http://umhaikaiaodia.blogspot.com.br/2013/09/notas-cariocas-ou-da-infancia.html

Mariluce chegou pouco depois das treze horas. Nos contou um pouco da história do Complexo do Alemão. Nos levou a passear por ladeiras, vielas e escadarias da Comunidade Nova Brasília. No meio do caminho uma parada para conhecer a laje onde foram filmadas as cenas da novela onde uma morena escultural ficava tomando banho de sol.

No caminho, um senhor, já idoso, veio me cumprimentar. Me reconhecera, mas não lembrava de onde nos encontráramos no passado. Teria sido em outros carnavais?

Passamos, também, pelo centro comercial da Comunidade na Avenida Nova Brasília onde há um Cinema e um Centro de Inclusão Digital. Muitas lojas de comércio. Mas, há também coisas que faltam nessa comunidade. Como Mariluce disse:

_ Há apenas uma escola que não é suficiente para atender todas as crianças que lá vivem. E nenhum hospital!

Mariluce tem uma consciência comunitária muito forte. Participa da associação da comunidade e relatou algumas experiências com políticos que prometem muito em tempos de eleição, mas depois desaparecem.

Pena que, ao final do passeio, descobrimos que o Bistro Estação não estava aberto naquele domingo. Mas, foi uma experiência turística agradável, guiados pela simpática Mariluce. Ao final fiquei com uma ponta de dúvida: será que tive mesmo uma experiência na favela, ou foi apenas um "safári mais de perto"?  O que me levou a esse passeio? A mera curiosidade do turista? A vontade de conhecer uma realidade menos enfeitada e diferente do meu cotidiano? Saber mais desse mundo desigual em que vivemos?

Ainda não tenho a resposta! Mas, ainda bem que Cleber e Mariluce se tornaram empreendedores do turismo no Complexo do Alemão. Sem eles, eu não teria passado esses momentos agradáveis. Vale aqui registrar o slogan e missão deles:

“Turismo no Alemão, mais que uma visita, uma experiência”

Missão
O turismo no Complexo do Alemão pode e deve se transformar numa experiência turística autêntica, apesar da imposição de alguns estereótipos, pois existem formas confortáveis e institucionalizadas no turismo que permitam fazer reflexões sobre estereótipos previamente assumidos. Existem formas diferentes de turismo e turistas, porém o Complexo do Alemão merece e condiciona-se como um lugar de encontro de identidades e de histórias, pessoais e coletivas, para torná-lo um espaço de proximidade humana e de multiplicidade social e cultural.

P.S.: Depois de copiar a missão da Turismo no Alemão, vi como o passeio que Sara e eu fizemos, teve muito pouco de safári e muito de encontro de identidades e histórias.
Cleber e Mariluce, obrigado por tornarem essa experiência possível.


Programa de Apoio à Inovação em Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Tecnova PR

O Programa de Apoio à Inovação em Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Tecnova PR, terá cerca de R$ 22,5 milhões em recursos, sendo R$ 15 milhões da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e R$ 7,5 milhões da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná. 

Tem como foco estimular e promover a inovação tecnológica em microempresas e empresas de pequeno porte no estado. Surgiu da união de esforços para promover e incentivar a inovação tecnológica em áreas estratégicas, por meio de mecanismos de cooperação entre o setor público, privado e as instituições de pesquisa e desenvolvimento. 

Nesse contexto, a FINEP passou a adotar um modelo de subvenção econômica descentralizada, não reembolsável e direcionada a segmentos estratégicos que mais precisam de recursos para a inovação tecnológica como de energia, tecnologia da informação e comunicação (TICs), biotecnologia, metalmecânica, cadeias produtivas da agroindústria e complexo industrial da saúde.

No Paraná, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) é responsável por estruturar o programa estabelecendo mecanismos de cooperação para promover o repasse de recursos de subvenção econômica, como instrumento de uma política do governo estadual. 

A Fundação Araucária é responsável pela execução e coordenação dos trabalhos na Agência Operacional Descentralizada do TECNOVA-PR. “A instituição foi encarregada de coordenar a estruturação e a operacionalização da Agência TECNOVA-PR, assumindo a organização e lançamento da Chamada Pública, o processo de seleção e contratação das empresas, a alocação dos recursos, o acompanhamento físico-financeiro e a prestação de contas dos projetos”, destacou Osmar Muzilli, coordenador da agência TECNOVA junto à Fundação Araucária.

A FIEP e o TECPAR atuarão como apoiadores na promoção e divulgação do Programa, na motivação e prospecção junto ao setor produtivo, no suporte técnico e econômico para o desenvolvimento das inovações e na integração com o Parque Tecnológico Virtual (PTV-Paraná), como plataforma de apoio para os projetos a serem contratados.

O público-alvo do Programa são as microempresas e empresas de pequeno porte, com faturamento inferior a R$ 3,6 milhões, tendo no mínimo seis meses de existência antes do lançamento da Chamada.

O valor destinado às empresas poderá variar de R$ 180 a R$ 600 mil reais. Cada local poderá submeter um projeto de inovação tecnológica relacionado a um dos temas prioritários, mediante a contrapartida mínima financeira das empresas variando entre 5%  e 10% do valor do projeto. O prazo para a execução do projeto será de até vinte e quatro meses.

Fonte: http://www.fappr.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=687&tit=Governo-do-estado-lanca-dia-7-de-outubro-o-maior-programa-de-incentivo-a-inovacao-em-micro-e-pequenas-empresas-do-Parana