No dia 10 de fevereiro próximo
estarei na Universidade Estadual de Maringá para participar da aula inaugural
do Programa de Pós-Graduação em Administração, marcando o começo do Doutorado.
Usando uma metáfora cinematográfica, a estrela principal será o Professor Dr.
Alexandre de Pádua Carrieri da Universidade Federal de Minas Gerais que
abordará três temas que, tenho certeza, serão muito estimulantes para aqueles
que estudam a Administração: “Administração – uma breve conversa sobre o campo”,
“Os Estudos Organizacionais: uma breve narrativa” e “Gestão ordinária no
cotidiano”. Eu terei um papel coadjuvante no qual tentarei comentar sobre a
minha caminhada pessoal nos estudos da Administração, principalmente nos
últimos 14 anos, período em que tenho buscado um entendimento das configurações
organizacionais no empreendedorismo e na estratégia de pequenas empresas.
Minha carreira nos estudos da
Administração se iniciou em meados de 1977, aos vinte anos, quando comecei a
graduação em Administração na Universidade Estadual de Londrina. Ao concluir
curso, em 1981, fui convidado para lecionar como auxiliar de ensino no
Departamento de Administração da UEL. Oito dias depois de formado, enfrentava
minha primeira turma de graduação! Graças ao apoio de alguns amigos que
trabalhavam naquele departamento, em especial, o Sérgio Bulgacov, logo após
seis meses, consegui ir fazer o mestrado em Administração na Faculdade de
Economia e Administração da USP. Uma formação predominantemente positivista,
reforçando a forma de enxergar a Administração que me haviam transmitido na
graduação na UEl, era o que me esperava!
Com a orientação do Adalberto
Fischmann, que me deu muita liberdade e diretrizes quando mais precisava, fiz
meu primeiro estudo sobre estratégia em pequenas empresas. Na dissertação
procurei entender o que chamei à época, inspirado em Ansoff, o comportamento
estratégico de dirigentes de pequenas empresas moveleiras de Londrina. Anos
depois, 1990, tenho o privilégio de ir para a Inglaterra onde sou aceito para o
doutoramento na Manchester Business School. Mais um orientador que me deu muita
liberdade: Tudor Rickards. Com seu apoio estudei a cognição de dirigentes de
pequenas empresas e tentei associar seus modelos mentais a escolhas
estratégicas, baseado no modelo de Miles e Snow. Foi quando começou minha
aproximação, ainda inconsciente, da abordagem das configurações. Nesse período
tive contato com um texto do Mintzberg de 1990 em que ele fazia as primeiras
considerações sobre as escolas de formação de estratégia. Mais tarde, surgiria
o agora famoso “Safari de Estratégia”. Uma leitura importante, entre muitas,
mas que sempre registro foi o livro de Richard Whittignton: “What is strategy ?
And does it matter?”. Os dois textos foram fundamentais na consolidação de
minha visão sobre o campo da estratégia organizacional.
No retorno a Londrina, encontro
na UEL dois estudantes de graduação interessados em Iniciação Científica: Paulo
Hayashi Jr. e Eugênio Guilherme Soares Krüger. Junto com minha amiga Cleufe
Pelisson, também professora do Departamento de Administração da UEL, temos a
oportunidade de replicar parte de meu projeto de doutorado. Os resultados desse
trabalho são apresentados em 1998 no ENANPAD, quando ganhamos o prêmio de
melhor trabalho da área de Estratégia em Organizações. Depois, em 1999, o
artigo foi publicado na RAC e segundo o Google Acadêmico é minha publicação
mais citada, “Estratégia em pequenas empresas: uma aplicação do modelo de Miles
e Snow”.
Em 1998, já morando em Maringá,
devido à minha transferência para a UEM, fui acolhido com muita generosidade
por todos os professores à época . Em 2000, me deram o privilégio de ser o
primeiro coordenador do Mestrado em Administração UEM/UEL. Foi nesse ano, também,
que apresentei um seminário sobre uma possível visão das configurações no
empreendedorismo. O seminário fazia parte das atividades do grupo de pesquisa
em Estudos Organizacionais, com a participação de Paulo Grave, Mabel, Hélio,
Décio, Ariston e outros amigos e amigas que a memória me impede de lembrar.
Mas, um pouco antes disso, minha
consciência de que estava me tornando um configuracionista se manifestava. Tive
o prazer e, mais uma vez, um privilégio de contar com um orientando de
iniciação científica, que se tornou um brilhante pesquisador da Administração,
Fábio Vizeu. Aliás, essa trajetória do Fábio é mérito dele mesmo. A mim, quis o
acaso, que estivesse presente na UEM quando ele fez sua graduação e pode me
ajudar em meus estudos. Fábio, sob minha orientação, estudou a obra de
Mintzberg e, no último ano da IC, desenvolveu um instrumento para verificação
do modelo de configurações organizacionais de Mintzberg. Esse esforço resultou
em uma publicação na Revista Alcance em coautoria comigo e Paulo Grave.
Foi a partir do começo do século
21, portanto, que decidi sobre aprofundar minhas investigações em
configurações. Isso foi feito em duas frentes: empreendedorismo e estratégia de
pequenas empresas. Ao longo dos anos, as ideias iniciais apresentadas no
seminário em 2000, foram sendo melhor estruturadas, ampliadas, aperfeiçoadas.
Nessa trajetória houve o apoio de muitos mestrandos e alguns doutorandos. Nesse
momento, busco em meu Lattes, os nomes para que a memória não me traia: Edmundo
Inácio Júnior, Kátia Tóffolo, Charles Vezozzo, Luis Marcelo Martins, Karla
Regina Brunaldi, Simone Cristina Ramos, Jane Mendes Ferreira, Ércio de Paula
dos Santos, Roberto Bohlen Selem, Beatris Kemper Fernandes, Alexandre Szpyro
Pereira Cardoso, Jonas Baptista Marquesini, Jorge Uberson Pereira, José Geraldo
Castaldi, Ulisses de Souza Morais, Fábio Mello Fagundes, Valdete Noveli Rhoden,
Sara Regina Hokai, Elaine Aparecida Vidal de Anhaia, Daniela Torres da Rocha,
Fabíula Bitencourt Rocha, Nobuiuki Costa Ito, Carlos Otávio Senff, Marco
Antonio Murara, Glauco Vinicius de França Fürstenberg, Denize Patrícia Moraes,
Felipe Leal Alves, Ferreira, Elza Hofer, Eloi Junior Damke, José Pedro Penteado
Pedroso e Cristiano Molinaria Bispo.
Foram trinta um amigos e amigas
que surgiram na minha caminhada desde 2000. Aos estudos que eles me propiciaram
conhecer deve-se muito da minha evolução no entendimento das configurações
organizacionais. Talvez o melhor resumo dessa trajetória possa ser visto em
dois posts que publiquei nesse mesmo blog: “Os 5 Ps do Empreendedorismo” e “Esponja
inteligente: forças que configuram organizações eficazes”.
Bem, isso era pra ser só um trailer. Há muita
mais o que ser dito. Mal posso esperar o (re)encontro no dia 10!
Parabens pela apresentação. É o caso do "coadjuvante" que virou o personagem principal.
ResponderExcluirGrato meu caro anônimo.
ResponderExcluirCaro Fernando, sempre eloquente e eficaz em seus textos. Precisamos voltar a pesquisar juntos. Abraços
ResponderExcluirElaine, ótima ideia. que tal tentarmos preparar um artigo a partir de sua dissertação? Abraços.
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