terça-feira, 2 de junho de 2015

Reflexões de um Pedinte Virtual

Terminou há dois dias o período de coleta de contribuições de meu segundo projeto no CATARSE, um site de crowdfunding. Mais uma vez fui bem sucedido. Foram mais de duzentos apoiadores.
Assim como aconteceu em 2013, o projeto foi colocado online com o objetivo de arrecadar recursos que permitam publicar 1.000 exemplares de um livro com textos e poesias. O livro tem três temas: Empreendedorismo, Sustentabilidade e a Vida de Professor. Será entregue aos apoiadores do projeto e demais interessados sem nenhum custo. Não será vendido. 
Ao longo de sessenta dias, vivi a experiência de me transformar em um pedinte virtual. Para isso usei duas redes sociais - Facebook e LinkedIn - e mensagens de correio eletrônico. Era um trabalho diário! Foram algumas dezenas de posts e milhares de mensagens eletrônicas. Mas, a intenção aqui não é falar disso, mas dos sentimentos e emoções vividas nesses dois meses. 
Começo pela ansiedade. Devo ter engordado uns dois quilos, pois foram sessenta dias de muito chocolate! Minha maneira de lidar com a ansiedade. 
Junto da ansiedade, em paralelo, corria a felicidade. A cada dia, algum amigo ou amiga se dava ao trabalho de entrar no site, cadastrar-se, escolher recompensa e forma de pagamento. Mais do que o valor pago, me sentia feliz ao receber, virtualmente, uma manifestação carinhosa de amizade. 
Também, em alguns momentos, senti raiva. O sistema me avisava sobre as contribuições pendentes. Isto significava que alguém havia optado pagar por boleto bancário. Mas, muitas vezes, o nome saía da lista de pendências e não entrava na dos apoiadores. O infeliz ou a infeliz esquecera de pagar o boleto até a data de vencimento! Putz! Você não imagina a raiva que me dava! 
Tive, também, momentos de muito prazer. Esses foram de dois tipos. Me deu muito prazer ver amigos, alunos e colegas replicarem meus posts nas redes sociais, apoiando o projeto e pedindo o apoio de outros. Uma outra forma de prazer, que também era imenso, foi encontrar na lista de apoiadores, nomes de ilustres desconhecidos! Pessoas que acreditaram em alguém que nunca viram fazer-lhes uma promessa. Solidariedade e confiança são as fontes desse prazer. 
Igualmente prazeroso foi ler as mensagens de estímulo, principalmente vindas de ex-alunas e ex-alunos. Por outro lado, as curtidas de meus posts no Facebook e no LinkedIn me causaram sentimentos contraditórios. Ao mesmo tempo que ficava satisfeito com tanta gente curtindo o projeto, ficava frustrado por muitos não darem o segundo passo, ou seja, além de curtir, entrar na página do projeto e fazer uma contribuição. 
Mas, embora isto pudesse me causar algum grau de decepção, houve algo pior. 
Assim como foi em 2013, ao lançar o projeto tinha certeza de que alguns apoios de amigos e amigas estavam garantidos. Não podiam não aparecer! Felizmente, a maioria de minhas expectativas se cumpriram. No entanto, algumas em que botava muita fé, não se materializaram. Isso doeu! É muito provável que não tenham visto nenhuma das mensagens ou posts. Se tivessem visto, não teriam falhado. Outra hipótese que passou por minha cabeça foi a crise econômica que alguns dizem estarmos passando. Mas, não, isso não! Afinal, bastavam quinze reais para ganhar um livro e fazer um amigo feliz. 
Por fim, agora que o projeto foi bem sucedido, é botar mãos a obra e entregar os livros e outras recompensas até meados de julho. O saldo emocional é positivo. Quanto ao excesso de peso, começarei a cuidar disso amanhã. Caminhadas mais intensas e extensas me aguardam! 
Você me pergunta: Será que em 2017 vai ter outro? 
Esta pergunta me faz lembrar do que me falaram muito tempo atrás sobre a gravidez e o parto. Se as mulheres não se esquecessem das dores do parto, jamais repetiriam a experiência. 
Acho que é a mesma coisa. Em dois anos, creio que me esqueci da angústia do primeiro projeto de crowdfunding. Certamente, não foi tão dolorido quanto um parto. Mas, quando vejo o livro pronto sendo lido por alguém, esqueço de quão difícil foi chegar no objetivo. Uma emoção parecida com a de ter uma filha recém nascida nos braços. 
Que minha memória me ajude e me deixe esquecer! Voltamos a conversar em 2017? Quem sabe?

Nenhum comentário:

Postar um comentário