Seis meses depois, retomo essa série para comentar um novo tema. Tempos chuvosos podem se tornar tempos de escrita. Desde sábado, a chuva vem caindo de forma contínua, embora leve, sobre Curitiba. Ao invés da cama, me posiciono em frente ao meu computador. Surge um desejo a que não resisto: descobrir sobre o que se tem publicado no Brasil no tema do empreendedorismo sustentável.
Mas, antes, satisfaço sua curiosidade: Por que esse tema?
Junto com Thálita Orsiolli, Eduardo de Carli, Rodrigo Morais da Silva e Luiz Aurélio Virtuoso, os três primeiros doutorandos em Administração da UFPR e o último professor da UFPR, venho estudando parte da produção estrangeira e brasileira recente que tenha tratado de empreendedorismo, sustentabilidade e inovação. O estudo e debate dos textos encontrados ocorrem em encontros semanais de uma disciplina do doutorado em administração da UFPR. Tem sido um privilégio para mim poder encontrar e conversar com esses jovens estudiosos semanalmente. Aos poucos vamos delineando um entendimento desse campo que outros já batizaram de Empreendedorismo Sustentável. Nossa meta é escrevermos um trabalho que faça a revisão da produção dos últimos dez anos a que tivemos acesso.
Assim, entre sábado e ontem, feriado nacional, aproveitando o tempo chuvoso, fiz uma busca em duas bases de publicações para ver o que encontrava sobre esse tema já publicado no Brasil. Eis o que encontrei:
A busca foi feita em duas bases de periódicos: a Scientific Periodicals Electronic Library - SPELL (www.spell.org.br) e a Scientific Electronic Library Online – SCIELO.BR (www.scielo.br). A primeira apresenta artigos científicos publicados em 94 periódicos brasileiros nos campos de conhecimento sobre Administração, Contabilidade, Economia, Engenharia e Turismo. A segunda é uma base mais abrangente que conta atualmente com 320 periódicos indexados em oito grandes áreas de conhecimento: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Extas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias e Linguística, Letras e Artes.
Para localizar os artigos disponíveis nas duas bases foram usados os seguintes termos conjugados: Empreendedorismo e Sustentabilidade; Empreendedorismo e Sustentável; Empreendedor e Sustentabilidade; Empreendedor e Sustentável; Empreendedorismo e Ecodesenvolvimento; Empreendedor e Ecodesenvolvimento; Criação de Empresas e Sustentabilidade; Criação de Empresas e Sustentável; Empreendimento e Sustentável; e Empreendimento e Sustentabilidade. A busca foi feita usando os termos em português e inglês.
Mas, antes, satisfaço sua curiosidade: Por que esse tema?
Junto com Thálita Orsiolli, Eduardo de Carli, Rodrigo Morais da Silva e Luiz Aurélio Virtuoso, os três primeiros doutorandos em Administração da UFPR e o último professor da UFPR, venho estudando parte da produção estrangeira e brasileira recente que tenha tratado de empreendedorismo, sustentabilidade e inovação. O estudo e debate dos textos encontrados ocorrem em encontros semanais de uma disciplina do doutorado em administração da UFPR. Tem sido um privilégio para mim poder encontrar e conversar com esses jovens estudiosos semanalmente. Aos poucos vamos delineando um entendimento desse campo que outros já batizaram de Empreendedorismo Sustentável. Nossa meta é escrevermos um trabalho que faça a revisão da produção dos últimos dez anos a que tivemos acesso.
Assim, entre sábado e ontem, feriado nacional, aproveitando o tempo chuvoso, fiz uma busca em duas bases de publicações para ver o que encontrava sobre esse tema já publicado no Brasil. Eis o que encontrei:
A busca foi feita em duas bases de periódicos: a Scientific Periodicals Electronic Library - SPELL (www.spell.org.br) e a Scientific Electronic Library Online – SCIELO.BR (www.scielo.br). A primeira apresenta artigos científicos publicados em 94 periódicos brasileiros nos campos de conhecimento sobre Administração, Contabilidade, Economia, Engenharia e Turismo. A segunda é uma base mais abrangente que conta atualmente com 320 periódicos indexados em oito grandes áreas de conhecimento: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Extas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias e Linguística, Letras e Artes.
Para localizar os artigos disponíveis nas duas bases foram usados os seguintes termos conjugados: Empreendedorismo e Sustentabilidade; Empreendedorismo e Sustentável; Empreendedor e Sustentabilidade; Empreendedor e Sustentável; Empreendedorismo e Ecodesenvolvimento; Empreendedor e Ecodesenvolvimento; Criação de Empresas e Sustentabilidade; Criação de Empresas e Sustentável; Empreendimento e Sustentável; e Empreendimento e Sustentabilidade. A busca foi feita usando os termos em português e inglês.
No caso da SPELL utilizaram-se os índices de Título de Documento, Resumo e Palavras-chave e fez-se a restrição de tipo de documento para Artigo. Para a busca na SCIELO.BR foram utilizados os mesmos termos nos índices Palavras do Título, Assunto e Resumo, sem restrição de tipo de documento. Para as duas bases não foi feita nenhuma restrição em termos de período de tempo, pois a intenção era tentar localizar o maior número possível de publicações.
Foram encontrados 57 artigos na SPELL e 22 artigos na SCIELO.BR. Depois de verificada as sobreposições das duas bases, o resultado final foi de 74 artigos encontrados. O passo seguinte foi selecionar os trabalhos que de fato tratavam de qualquer aspecto relacionado ao empreendedorismo sustentável. Esta seleção foi baseada na leitura dos resumos de cada artigo. Dessa forma, chegou-se a um conjunto de 23 textos que foram analisados para descrever sobre o que já se publicou no Brasil no campo do empreendedorismo sustentável.
Os principais motivos de exclusão dos artigos se relacionaram ao fato de que muitos deles não tratavam da sustentabilidade na forma aqui adotada, isto é, envolvendo as dimensões econômica, social e ambiental. Alguns textos foram excluídos por não se relacionarem diretamente ao empreendedorismo, mas sim a diversos aspectos de gestão. Houve instâncias em que o descarte dos artigos ocorreu apenas após sua leitura. Este foi o caso de textos que abordavam o empreendedorismo social. Apesar de esses textos abordarem questões de empreendedorismo e sustentabilidade, isto não foi feito de forma integrada, ou seja, articulando as dimensões social, ambiental e econômica. Por fim, alguns textos tratavam de aspectos agronômicos ou de engenharia da sustentabilidade, sendo assim excluídos por não terem relação direta com o empreendedorismo.
Na tabela estão listados os periódicos e o número de artigos publicados sobre empreendedorismo sustentável. Como se pode observar, não há nenhum periódico que tenha se sobressaído como canal de disseminação do tema. Esta produção foi disseminada em 17 revistas científicas brasileiras, entre as quais apenas quatro tiveram mais de um artigo publicado sobre o assunto. O primeiro ano em que se encontrou um artigo sobre empreendedorismo sustentável foi 2005. Entre esse ano e 2010 foram encontrados oito trabalhos. Os quinze restantes se distribuíram entre 2011 e 2015. De um período para o outro, a produção brasileira sobre empreendedorismo sustentável praticamente dobrou.
Tabela: Produção Científica sobre Empreendedorismo sustentável no Brasil
Periódico
|
Artigos
|
Ano
|
Revista
de Negócios
|
1
|
2005
|
Cadernos
EBAPE.BR
|
1
|
2008
|
Revista
de Ciências da Administração
|
1
|
2008
|
Revista
Gestão Organizacional
|
1
|
2009
|
Teoria
e Prática em Administração
|
1
|
2011
|
REUNA
|
1
|
2012
|
Revista
de Administração
|
1
|
2012
|
Revista
de Administração da UNIMEP
|
1
|
2012
|
Revista
Economia e Gestão
|
1
|
2012
|
Revista
de Administração Mackenzie
|
1
|
2013
|
Revista
de Gestão Social e Ambiental
|
1
|
2014
|
Revista
Pensamento Contemporâneo em Administração
|
1
|
2014
|
Navus
Revista de Gestão e Tecnologia
|
1
|
2015
|
Revista
de Administração Pública
|
2
|
2006;
2014
|
Revista
de Administração da UFSM
|
2
|
2012;
2014
|
Revista
de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas
|
2
|
2013;
2014
|
Revista
da Micro e Pequena Empresa
|
4
|
2007;
2008; 2009; 2015
|
A leitura desses 23 textos permitiu identificar três grupos: a) análises e proposições conceituais; b) estudos empíricos sobre empreendedorismo sustentável; e c) estudos sobre práticas de sustentabilidade na gestão empreendedora.
Como se pode perceber pelos dados da tabela, o empreendedorismo sustentável é um tema de estudo recente no Brasil. Devido a esse fato, não foi encontrado nenhum pesquisador com uma produção volumosa relacionada a este assunto, ao menos em termos de publicações brasileiras. O conjunto de artigos encontrados foi produzido por 61 autores. Entre estes, apenas duas autoras tiveram mais de um artigo publicado: Rivanda Meira Teixeira, da Universidade Federal de Sergipe publicou dois artigos; e Tânia Nunes da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, publicou três trabalhos. Esta fragmentação na produção sugere que o tema seja ainda emergente na academia brasileira, sem a presença de grupos de pesquisa consolidados. Pelo menos, é o que se deduz da produção publicada no Brasil. Pode haver textos publicados fora do Brasil por esses ou outros pesquisadores.
Fiz uma primeira descrição e análise de todos os textos. Agora, meus jovens companheiros de estudo vão completar a descrição e crítica dos textos. Espero que consigamos publicá-la em algum periódico brasileiro.
No ônibus, a caminho do aeroporto, vou lendo A Linguagem Secreta do Cinema de Jean-Claude Carrière. Me destino a Lisboa, onde apresentarei um trabalho sobre empreendedorismo cultural na 5a. Conferência Ibérica de Empreendedorismo. Trouxe este livro para me fazer companhia durante as horas de aeroporto. Depois de três dias lendo sobre empreendedorismo, busco outras leituras.
À página 28, Carrière faz uso de uma imagem que vou tomar emprestado. Criticando os excesso acadêmicos sobre a linguagem do cinema, ele diz:
Antes que os intelectuais (começando por volta de 1925) lançassem longos e sutis tratados analíticos que, somados até hoje, encheriam vários cargueiros gigantescos, ocasionalmente imobilizados pelo nevoeiro...
Tive uma sensação, também, de estar em um nevoeiro ao ler essa produção. Tão pouca luz! Aliás, este parece ser um efeito dessa sanha de publicação que assola a comunidade científica da Administração brasileira, estimulada por um movimento constante de busca de pontos no sistema Qualis. Estamos carregando até o topo uma quantidade incrível de cargueiros científicos que estão se imobilizando em um nevoeiro virtual!
Que venham novos ventos para desmanchar o nevoeiro!
No ônibus, a caminho do aeroporto, vou lendo A Linguagem Secreta do Cinema de Jean-Claude Carrière. Me destino a Lisboa, onde apresentarei um trabalho sobre empreendedorismo cultural na 5a. Conferência Ibérica de Empreendedorismo. Trouxe este livro para me fazer companhia durante as horas de aeroporto. Depois de três dias lendo sobre empreendedorismo, busco outras leituras.
À página 28, Carrière faz uso de uma imagem que vou tomar emprestado. Criticando os excesso acadêmicos sobre a linguagem do cinema, ele diz:
Antes que os intelectuais (começando por volta de 1925) lançassem longos e sutis tratados analíticos que, somados até hoje, encheriam vários cargueiros gigantescos, ocasionalmente imobilizados pelo nevoeiro...
Tive uma sensação, também, de estar em um nevoeiro ao ler essa produção. Tão pouca luz! Aliás, este parece ser um efeito dessa sanha de publicação que assola a comunidade científica da Administração brasileira, estimulada por um movimento constante de busca de pontos no sistema Qualis. Estamos carregando até o topo uma quantidade incrível de cargueiros científicos que estão se imobilizando em um nevoeiro virtual!
Que venham novos ventos para desmanchar o nevoeiro!
Que bacana Professor!
ResponderExcluirÓtimo trabalho.
Que venham novos ventos para desmanchar o nevoeiro! :)
Ontem lembrei-me do senhor, estava conversando com minha namorada - bancária do itau - sobre a greve. Ela comentou que muito embora estejam em greve, é mal visto pelos bancários quem deixa de trabalhar, por isso de forma nada planejada, todo santo dia ela precisa percorrer Curitiba procurando alguma agência que esteja aberta para que possa bater o ponto e exercer suas atividades. Mas, apesar de todo esse trabalho, ela julga interessante esse intercâmbio entre agências pois segundo ela, é possível aprender novas estratégias de vendas e aumentar o network. Na hora já me veio a cabeça. ~Como as greves bancárias contribuem para inovação de técnicas de vendas bancárias?~... Fiquei empolgado, falei pra ela me ajudar a coletar dados e fazer um estudo de caso ... ela não me pareceu muito empolgada .... kkkk mas enfim, lembrei-me do sr..
ResponderExcluirAbs e boa viagem
Khalil