Neste
post reproduzo artigo que publiquei na Folha de Londrina em 26/04/1990. Como
comentei no post que deu origem a esta série, foi devido ao esforço de
preservação da história familiar que minha mãe, Kilda Gomes do Prado Gimenez,
empreendeu ao longo de sua vida, que estou tendo esta possibilidade de resgatar
textos do início de minha carreira nos estudos da Administração. Os textos
foram preservados em meu álbum de Vida. Vejo esta série como um retorno a ideias
e pensamentos que povoaram minhas reflexões iniciais neste campo de estudos. De
certa forma, os textos foram o embrião de temas e preocupações acadêmicas que
ainda estão comigo e serão aprofundadas em minha participação no Programa de
Pós-Graduação em Pol´ticas Públicas da UFPR. Vem comigo!
Pequenas empresas e o
desenvolvimento
Um conjunto de
lideranças empresariais, políticas e acadêmicas da região vêm discutindo, há
algum tempo, a necessidade de se envidarem esforços para a retomada do
desenvolvimento econômico do Norte do Paraná.
Qualquer debate desta
natureza não pode deixar de considerar o papel que as micro e pequenas empresas
desempenham e a contribuição que estas trazem na consecução de um
desenvolvimento econômico-social mais equilibrado. As pequenas empresas são um
eficiente instrumento de melhor distribuição de renda e desconcentração das
atividades econômicas, visto que complementam as atividades das grandes
organizações, ocupam mercados não atendidos suprindo as necessidades de consumo
de grande parte da população, absorvem mão-de-obra pouco ou não qualificada e
são uma importante fonte de inovações tecnológicas.
Além disso, as micro
e pequenas empresas são a maneira mais rápida e barata de geração de empregos. Pesquisas do Banco
Mundial indicaram que a geração de uma unidade de emprego em pequenas unidades
produtivas consumiu apenas um terço dos recursos aplicados por grandes empresas
ao proporcionarem o mesmo posto de trabalho. Só este fato já justifica uma
atenção especial às micro e pequenas empresas quando da discussão e formulação
de políticas de desenvolvimento mais abrangentes.
Apesar desta
importância, a sobrevivência das pequenas empresas é dificultada por inúmeras
barreiras. Em recente pesquisa, verificou-se que os problemas mais frequentes
enfrentados pelos dirigentes de pequenos negócios estão intimamente
relacionados à falta de habilidades administrativas.
Uma política de
desenvolvimento empresarial deve, portanto, incluir a facilitação do acesso
pelos pequenos empresários às fontes de conhecimento administrativo, bem como a
criação de um ambiente propício ao surgimento de novos pequenos negócios
visando a geração de empregos.
Este pode ser
conseguido através dos investimentos tradicionais em infra-estrutura urbana da
região, mas pode ser mais facilmente obtido se esforços forem direcionados para
a criação de centros de treinamento para a mão-de-obra não qualificada
disponível no mercado, contribuindo para a solução de um dos problemas que mais
afligem as pequenas empresas. Estes centros de treinamento poderiam ser criados
e administrados de forma cooperativa com o envolvimento dos governos
municipais, associações empresariais e instituições de ensino superior.
Por outro lado, o
acesso dos pequenos empresários às modernas técnicas de administração não pode
deixar de envolver o potencial existente nos cursos de Administração da região.
Mais uma vez, a ação conjunta dos empresários, governos locais e instituições
de ensino pode viabilizar recursos que permitam a estas direcionar parte de seu
corpo docente para o desenvolvimento de atividades de extensão, tais como
cursos, palestras e trabalhos de consultoria, com o imprescindível envolvimento
dos alunos.
O desenvolvimento
econômico-social só pode acontecer quando empregados e empregadores têm chances
de se desenvolver profissionalmente, e este só é alcançado quando o esforço
cooperativo democratiza o acesso ás fontes de conhecimento e gerenciamento mais
eficaz.
Pois é, já naquela
época algumas questões que julgo ainda relevantes estavam em meu discurso:
democratização do conhecimento, parcerias intrasetoriais, cooperação entre universidades e empresas e a importância das
pequenas empresas para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável.