quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

UM PEQUENO TRAILER: Configuração no Empreendedorismo - uma trajetória de 14 anos

No dia 10 de fevereiro próximo estarei na Universidade Estadual de Maringá para participar da aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Administração, marcando o começo do Doutorado. Usando uma metáfora cinematográfica, a estrela principal será o Professor Dr. Alexandre de Pádua Carrieri da Universidade Federal de Minas Gerais que abordará três temas que, tenho certeza, serão muito estimulantes para aqueles que estudam a Administração: “Administração – uma breve conversa sobre o campo”, “Os Estudos Organizacionais: uma breve narrativa” e “Gestão ordinária no cotidiano”. Eu terei um papel coadjuvante no qual tentarei comentar sobre a minha caminhada pessoal nos estudos da Administração, principalmente nos últimos 14 anos, período em que tenho buscado um entendimento das configurações organizacionais no empreendedorismo e na estratégia de pequenas empresas.
Minha carreira nos estudos da Administração se iniciou em meados de 1977, aos vinte anos, quando comecei a graduação em Administração na Universidade Estadual de Londrina. Ao concluir curso, em 1981, fui convidado para lecionar como auxiliar de ensino no Departamento de Administração da UEL. Oito dias depois de formado, enfrentava minha primeira turma de graduação! Graças ao apoio de alguns amigos que trabalhavam naquele departamento, em especial, o Sérgio Bulgacov, logo após seis meses, consegui ir fazer o mestrado em Administração na Faculdade de Economia e Administração da USP. Uma formação predominantemente positivista, reforçando a forma de enxergar a Administração que me haviam transmitido na graduação na UEl, era o que me esperava!
Com a orientação do Adalberto Fischmann, que me deu muita liberdade e diretrizes quando mais precisava, fiz meu primeiro estudo sobre estratégia em pequenas empresas. Na dissertação procurei entender o que chamei à época, inspirado em Ansoff, o comportamento estratégico de dirigentes de pequenas empresas moveleiras de Londrina. Anos depois, 1990, tenho o privilégio de ir para a Inglaterra onde sou aceito para o doutoramento na Manchester Business School. Mais um orientador que me deu muita liberdade: Tudor Rickards. Com seu apoio estudei a cognição de dirigentes de pequenas empresas e tentei associar seus modelos mentais a escolhas estratégicas, baseado no modelo de Miles e Snow. Foi quando começou minha aproximação, ainda inconsciente, da abordagem das configurações. Nesse período tive contato com um texto do Mintzberg de 1990 em que ele fazia as primeiras considerações sobre as escolas de formação de estratégia. Mais tarde, surgiria o agora famoso “Safari de Estratégia”. Uma leitura importante, entre muitas, mas que sempre registro foi o livro de Richard Whittignton: “What is strategy ? And does it matter?”. Os dois textos foram fundamentais na consolidação de minha visão sobre o campo da estratégia organizacional.
No retorno a Londrina, encontro na UEL dois estudantes de graduação interessados em Iniciação Científica: Paulo Hayashi Jr. e Eugênio Guilherme Soares Krüger. Junto com minha amiga Cleufe Pelisson, também professora do Departamento de Administração da UEL, temos a oportunidade de replicar parte de meu projeto de doutorado. Os resultados desse trabalho são apresentados em 1998 no ENANPAD, quando ganhamos o prêmio de melhor trabalho da área de Estratégia em Organizações. Depois, em 1999, o artigo foi publicado na RAC e segundo o Google Acadêmico é minha publicação mais citada, “Estratégia em pequenas empresas: uma aplicação do modelo de Miles e Snow”.
Em 1998, já morando em Maringá, devido à minha transferência para a UEM, fui acolhido com muita generosidade por todos os professores à época . Em 2000, me deram o privilégio de ser o primeiro coordenador do Mestrado em Administração UEM/UEL. Foi nesse ano, também, que apresentei um seminário sobre uma possível visão das configurações no empreendedorismo. O seminário fazia parte das atividades do grupo de pesquisa em Estudos Organizacionais, com a participação de Paulo Grave, Mabel, Hélio, Décio, Ariston e outros amigos e amigas que a memória me impede de lembrar.
Mas, um pouco antes disso, minha consciência de que estava me tornando um configuracionista se manifestava. Tive o prazer e, mais uma vez, um privilégio de contar com um orientando de iniciação científica, que se tornou um brilhante pesquisador da Administração, Fábio Vizeu. Aliás, essa trajetória do Fábio é mérito dele mesmo. A mim, quis o acaso, que estivesse presente na UEM quando ele fez sua graduação e pode me ajudar em meus estudos. Fábio, sob minha orientação, estudou a obra de Mintzberg e, no último ano da IC, desenvolveu um instrumento para verificação do modelo de configurações organizacionais de Mintzberg. Esse esforço resultou em uma publicação na Revista Alcance em coautoria comigo e Paulo Grave.
Foi a partir do começo do século 21, portanto, que decidi sobre aprofundar minhas investigações em configurações. Isso foi feito em duas frentes: empreendedorismo e estratégia de pequenas empresas. Ao longo dos anos, as ideias iniciais apresentadas no seminário em 2000, foram sendo melhor estruturadas, ampliadas, aperfeiçoadas. Nessa trajetória houve o apoio de muitos mestrandos e alguns doutorandos. Nesse momento, busco em meu Lattes, os nomes para que a memória não me traia: Edmundo Inácio Júnior, Kátia Tóffolo, Charles Vezozzo, Luis Marcelo Martins, Karla Regina Brunaldi, Simone Cristina Ramos, Jane Mendes Ferreira, Ércio de Paula dos Santos, Roberto Bohlen Selem, Beatris Kemper Fernandes, Alexandre Szpyro Pereira Cardoso, Jonas Baptista Marquesini, Jorge Uberson Pereira, José Geraldo Castaldi, Ulisses de Souza Morais, Fábio Mello Fagundes, Valdete Noveli Rhoden, Sara Regina Hokai, Elaine Aparecida Vidal de Anhaia, Daniela Torres da Rocha, Fabíula Bitencourt Rocha, Nobuiuki Costa Ito, Carlos Otávio Senff, Marco Antonio Murara, Glauco Vinicius de França Fürstenberg, Denize Patrícia Moraes, Felipe Leal Alves, Ferreira, Elza Hofer, Eloi Junior Damke, José Pedro Penteado Pedroso e Cristiano Molinaria Bispo.
Foram trinta um amigos e amigas que surgiram na minha caminhada desde 2000. Aos estudos que eles me propiciaram conhecer deve-se muito da minha evolução no entendimento das configurações organizacionais. Talvez o melhor resumo dessa trajetória possa ser visto em dois posts que publiquei nesse mesmo blog: “Os 5 Ps do Empreendedorismo” e “Esponja inteligente: forças que configuram organizações eficazes”.
Bem, isso era pra ser só um trailer. Há muita mais o que ser dito. Mal posso esperar o (re)encontro no dia 10!

4 comentários:

  1. Parabens pela apresentação. É o caso do "coadjuvante" que virou o personagem principal.

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  2. Caro Fernando, sempre eloquente e eficaz em seus textos. Precisamos voltar a pesquisar juntos. Abraços

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    1. Elaine, ótima ideia. que tal tentarmos preparar um artigo a partir de sua dissertação? Abraços.

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