sexta-feira, 19 de julho de 2019

Lava Jato, empreendedorismo e a mulher de César

Empreendedorismo é uma das palavras mais usadas contemporaneamente. Vezenquando, gosto de alertar aqueles e aquelas que estudam o tema comigo sobre os limites que devem existir para uma ação empreendedora, bem como sobre as limitações desse fenômeno para a solução das desigualdades socioeconômicas de nossa sociedade.
Sobre os primeiros, o ato de empreender tem que ser realizado sob uma consciência ética. Não se pode empreender sem levar em consideração possíveis efeitos danosos que possam surgir quando qualquer empreendimento é criado. Previsíveis ou imprevisíveis, é obrigação da empreendedora ou empreendedor agir de forma a evitar danos previsíveis ou para compensar os efeitos dos imprevisíveis sobre pessoas ou comunidades.
No que diz respeito às limitações do empreendedorismo, não se pode ter uma fé cega sobre as receitas que sugerem que o empreendedorismo é o caminho para todos. E que só não são bem sucedidos aqueles e aquelas que não se empenham. Infelizmente, essa é uma visão ingênua do empreendedorismo que leva muitos a deixarem de lado a solidariedade com os que não conseguem empreender e "resolver" sua vida. Em especial, me alarma ver muitos jovens querendo empreender sem recursos e competências pata tanto. É um caminho para o desastre.
Mas, as notícias desse final de semana sobre os planos de negócios de procuradores da Lava Jato me levaram a outra reflexão. Esta notícia me fez pensar que o famoso provérbio sobre a mulher de César deveria ser um lema do empreendedorismo. Ou seja, ao empreendedor não basta ser honesto, é preciso parecer honesto.
Quero dizer com isso que aqueles que empreendem devem considerar, sempre, em primeiro lugar o bem estar coletivo e não o interesse pessoal. Difícil, mas não impossível.
Pena que parece que no caso dos procuradores, o provérbio só foi seguido na sua parte final. Isto é estavam querendo parecer honestos. Quanto à primeira parte do provérbio, me parece que foi deixada pra lá!

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