Graças às redes sociais, tempos atrás, Edna Melo, que foi uma dessas trabalhadoras, me localizou no Facebook. Eu havia compartilhado uma fotografia de meu pai em um grupo. Ela curtiu e comentou a fotografia. Perguntou-me se lembrava dela. Inicialmente não lembrei. Mas, depois que ela citou a irmã, Ednéia, imediatamente a reconheci. Ednéia também trabalhou no supermercado Gimenez.
Esta era uma das características frequentes entres os jovens e as jovens que trabalharam conosco. Foram muitos casos de irmãs e irmãos que trabalharam no mercado no mesmo período. Com isso em mente, resolvi buscar nos livros de registro de empregados, os nomes e lembranças que tenho desses homens e mulheres com quem convivi em dois períodos de minha vida: adolescência e juventude.
A primeira fase, saindo da infância para a adolescência e início de juventude. Era o tempo da vivência sem compromisso fixo com a empresa. A presença apenas como filho dos donos. Depois das aulas, passava algum tempo brincando no espaço do supermercado Gimenez. Às vezes, ajudando também. Um primeiro aprendizado do trabalho e do clima de uma pequena empresa familiar. Um período que vai de 1967 a 1974. Dos dez aos dezessete incompletos.
Dessa época, os registros dos empregados me trouxeram à lembrança muitos e muitas que aqui menciono. A primeira, com o número 1 no segundo livro de registro foi Lidia Angelina de Oliveira. O primeiro livro de registro se perdeu no tempo. Era da época da Casa Gimenez. Lídia se tornou amiga muito estimada por meus pais, a quem visitava frequentemente enquanto eles viveram.
No mesmo livro estão Sirleide de Moraes Santos e as irmãs Sirlene e Sirlete, às quais se juntaria também o irmão Valdir. Moravam com os pais na rua Goiás em frente ao supermercado Gimenez.
Kanjo Joei, Elza Aparecida Zanata, Conceição Borrero Soler, Miriam Alves Freiria, Antonio Pontes de Campos, Maria Cleusa dos Santos, Maria Aparecida de Oliveira e Izolina Condes também são da primeira fase. Destes e destas, alguns são mais presentes na memória, outros menos.
Ainda dessa fase são Celso Alves Cruz e Lucia Alves da Cruz. Irmãos que também moravam próximo ao mercado. Na esquina da Antonina (atual JK) com Goiás. Depois de algum tempo, se juntaria a eles mais um irmão: Celestino Alves da Cruz.
Em 1974 me mudei para São Paulo. Fui terminar o colegial e fazer cursinho. Vestibular em 1975. Me mudei para São José dos Campos. Em meados de 1976, pedi transferência para a Unicamp e me mudei para Campinas. Voltei para Londrina em 1977. Ano do vínculo profissional com a empresa dos pais.
Nesse ano reencontro alguns dos homens e mulheres que tinham se juntado ao mercado enquanto eu estava fora de Londrina e conhecera em meus períodos de férias vividos na cidade. Entre elas, Maria das Graças Amaral de Araujo que seria uma das mais longevas. Entrou em março de 1974 e se manteve até 1984 quando o supermercado Gimenez foi vendido.
Também desse período são: Lino do Rosário, Miguel José Alves, Maria Júlia Lopes, Altino Gomes da Silva, Juventina Gomes, as irmãs Marinalva, Maria Vanda e Maurina de Oliveira.
No livro 3 encontro minha tia Amélia Gomes do Prado Pierri, as irmãs Edna e Ednéia de Melo, Gerson Lourenço, Fátima Aparecida de Moraes, José Lopes Sobrinho, Creuza Aparecida da Silva, Maria Avelina de Oliveira, Sebastião de Almeida Lopes, Maria de Fátima Lima e Deosvaldo Souza Leite.
Entre 1982 e 1983, mais uma vez saio de Londrina. Fui fazer mestrado em Administração em São Paulo. Retornei no começo de 1984. Dois meses depois meus pais venderiam o supermercado para o senhor Otto Keller. E eu me tornaria professor em tempo integral na UEL.
Imagino que muitos desses homens e mulheres carregam em sua memória boas lembranças do Supermercado Gimenez, de dona Kilda e seu Christovam. É claro que também houve conflitos, momentos tensos e discussões. Mas, me permito acreditar que para todos e todas o balanço foi de mais momentos felizes e menos de infelizes.
Mas, como terminar este texto em que rememoro e homenageio essas pessoas que fizeram parte de meus anos iniciais de vida profissional?
Penso que a resposta esteja na frase que dá título a esta memória. Um pouco do humor de seu Gimenez que trago no sangue.
Meu pai tinha uma dicção que, às vezes, tornava difícil entender o que ele dizia. Presenciei inúmeras situações em que ele repetia duas ou três vezes uma frase a que alguém respondia duas ou três vezes também: o quê?
Irritado ele falava:
_ O salário aumentou.
Não havia quem não entendesse! Coisas de seu Gimenez! Ficaram na história e na memória afetiva.
Irritado ele falava:
_ O salário aumentou.
Não havia quem não entendesse! Coisas de seu Gimenez! Ficaram na história e na memória afetiva.
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