Dados
disponíveis na ANCINE permitiram traçar um panorama da participação do estado
do Paraná na produção e exibição de longas-metragens nas salas de cinema do
país. As informações disponíveis referem-se ao período compreendido entre 2007
e 2012.
Nesses
seis anos, foram lançados 498 filmes de produção brasileira. Entre 2007 e 2010,
a média de lançamento de filmes brasileiros ficou próxima a 80. Em 2011, houve
um marco com o lançamento de 100 produções nacionais, mas em 2012, o total de
lançamento ficou próximo da média dos outros anos, com 83 novos filmes.
Em
2013, dados divulgados pela ANCINE, apontam que até o mês de agosto foram lançados
57 filmes brasileiros de longa metragem no mercado exibidor, uma média de 8
filmes por mês. Se essa tendência se mantiver, os números de 2013 poderão
igualar os resultados de 2011.
Na
tabela a seguir visualizam-se os dados sobre lançamento de filmes brasileiros
entre 2007 e 2012. Além dos dados nacionais, são demonstradas as informações
sobre número de filmes, público e renda dos filmes paranaenses em cada ano.
LANÇAMENTO DE LONGAS-METRAGENS – 2007/2012
|
||||||
Ano
|
Filmes
|
Público
|
Renda (R$)
|
|||
Brasil
|
Paraná
|
Brasil
|
Paraná
|
Brasil
|
Paraná
|
|
2012
|
83
|
3
|
19.654.796
|
24.006
|
199.780.836,25
|
107.415,64
|
2011
|
100
|
1
|
17.578.047
|
1.980
|
161.831.781,75
|
17.631,68
|
2010
|
74
|
1
|
24.464.112
|
1.205
|
218.031.092,60
|
6.908,00
|
2009
|
84
|
2
|
17.286.617
|
2.759
|
141.036.700,20
|
13.591,23
|
2008
|
79
|
2
|
8.617.003
|
90.498
|
66.080.770,46
|
808.377,00
|
2007
|
78
|
1
|
9.484.908
|
7.732
|
73.977.706,00
|
38.583,00
|
Total
|
498
|
10
|
97.085.483
|
128.180
|
860.738.887,26
|
992.506,55
|
Fonte:
elaborado pelos autor com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br,
acesso em 10/08/2013.
A
participação paranaense na produção e lançamento de longas-metragens no período
foi muito pequena. Em seis anos, o Paraná lançou apenas dez filmes, ou seja, 2%
da produção brasileira de filmes. Todavia, os filmes paranaenses não foram bem
sucedidos em termos de público e renda. As estatísticas demonstram que tanto em
termos de público, quanto de renda, os filmes paranaenses representaram apenas
0,1% dos números nacionais.
O
estado do Rio de Janeiro é responsável por quase 47% dos filmes lançados entre
2007 e 2012, tendo cerca de 85% do público e da renda dos filmes brasileiros
nesse período. São Paulo é o segundo estado maior produtor de filmes de
longa-metragem, 35% dos lançamentos no período. Mas, sua participação de público
e renda cai para apenas 13%.
Além
de Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, há mais sete estados com produção de longas-metragenS
entre 2007 e 2012. Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm produção maior do que o
Paraná e, também, conseguiram maior participação em público e renda. Ceará e
Distrito Federal, em termos de público e renda superaram o Paraná, apesar de
terem um menor número de filmes lançados. Por fim, Bahia, Pernambuco e Santa
Catarina completam o quadro em posições inferiores ao Paraná. A tabela a seguir
aponta a participação percentual de cada estado em número de filmes, público e
renda.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NA PRODUÇÃO DE LONGAS-METRAGENS
NO BRASIL – 2007/2012
|
|||
Estado
|
Filmes
(%)
|
Público(%)
|
Renda(%)
|
RJ
|
46,8
|
84,8
|
84,9
|
SP
|
34,9
|
13,0
|
13,2
|
RS
|
4,4
|
0,4
|
0,3
|
MG
|
3,6
|
0,2
|
0,2
|
CE
|
1,8
|
0,1
|
0,9
|
DF
|
1,0
|
0,2
|
0,2
|
PR
|
2,0
|
0,1
|
0,1
|
BA
|
1,8
|
0,1
|
0,1
|
PE
|
2,0
|
0,06
|
0,06
|
SC
|
1,0
|
0,06
|
0,05
|
Fonte:
elaborado pelo autor com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br, acesso
em 10/08/2013.
Os dez filmes produzidos no Paraná e lançados
no mercado exibidor brasileiro foram realizados por oito empresas. Apenas duas
produtoras fizeram dois filmes cada uma. A Tecnokena Audiovisual e Multimídia Ltda foi a
produtora dos dois filmes de Paulo Munhoz- Brichos e Brichos II – A floresta é
nossa. A Citizencrane Produções Artísticas produziu o maior sucesso de público
do cinema paranaense – Estômago - e Corpos Celestes.
Os outros
seis filmes foram: Circular produzido pela Grafo Audiovisual; Curitiba Zero
Grau pela Sirino & Silvestre; a Vigor Mortis Produções Artisticas foi a
realizadora de Morgue Story; As Cantoras do Rádio surgiu da produção de Arte
Lux Produções Cinematográfica; Mistérios foi produção de WG7 Agenciamento e
Produções; e Sal da Terra surgiu dos esforços produtivos de Labo Vídeo
Produções Artísticas.
A
distribuição de quatro desses filmes foi pela própria produtora. Mas, quatro
filmes foram distribuídos pela Panda Filmes (Corpos Celestes, As Cantoras do
Rádio, Mistéryos e Brichos). Esta parece ser uma distribuidora de pequeno
porte, pois entre 2007 e 2011 distribuiu apenas oito filmes nacionais. Morgue
Story foi distribuído pela Moro Comunicação, que só fez essa distribuição nesse
período.
Mas, o
caso de Estômago, filme paranaense de maior bilheteria no período, foi uma
distribuição da Downtown. Esta é uma distribuidora de maior porte,
especializada no cinema brasileiro, atuante no mercado desde 2006. No período
aqui analisado distribuiu 37 filmes isoladamente e mais sete filmes em parceria
com outras distribuidoras.
FILMES PARANAENSES DE
LONGA-METRAGEM – 2007/2012
|
|||||
Ano
|
Título
|
Diretor
|
Gênero
|
Renda
(R$)
|
Público
|
2012
|
Brichos II - A floresta é nossa
|
Paulo Munhoz
|
Animação
|
132.815,81
|
16.267
|
Circular
|
Alysson Silva Muritiba, Fábio Allon, Adriano Esturilho, Diego Florentino e Bruno Oliveira
|
Ficção
|
16.996,60
|
1.978
|
|
Curitiba Zero Grau
|
Eloi Pires Ferreira
|
Ficção
|
47.125,51
|
19.674
|
|
2011
|
Corpos Celestes
|
Marcos Jorge e Fernando Severo
|
Ficção
|
17.631,68
|
1.980
|
2010
|
Morgue Story - Sangue, Baiacu e Quadrinhos
|
Paulo Biscaia Filho
|
Ficção
|
6.908,00
|
1.205
|
2009
|
As Cantoras do Rádio
|
Gil Barone e Marcos Avellar
|
Documentário
|
13.033,23
|
2.604
|
Mistéryos
|
Beto Carminatti e Pedro Merege
|
Ficção
|
558,00
|
155
|
|
2008
|
Estômago
|
Marcos Jorge
|
Ficção
|
808.377,00
|
90.498
|
O Sal da Terra
|
Elói Pires Ferreira
|
Ficção
|
ND
|
ND
|
|
2007
|
Brichos
|
Paulo Munhoz
|
Animação
|
38.583,00
|
7.732
|
Fonte:
elaborado pelos autores com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br,
acesso em 10/08/2013.
Concluindo,
ficam algumas questões: Como ampliar a participação do Paraná no mercado
brasileiro? Essa situação se deve apenas à produção em baixo volume? Ou, como o
caso de Estômago parece demonstrar, a distribuição apresenta melhor resultados
quando feita por empresas especializada e não pela própria produtora? Quais outros
aspectos da dinâmica do mercado cinematográfico brasileiro ajudam a explicar
essa situação do cinema paranaense? Acesso ao fomento? Acesso às salas de exibição?
Qualidade da produção? Desinteresse dos produtores na exibição, visto que
muitas vezes os filmes são exibidos em festivais e tem seus custos cobertos
pela utilização dos incentivos fiscais? Como superar o domínio de Rio de
Janeiro e São Paulo? São muitas perguntas, que os dados analisados não permitem
responder.
Fui assistir neste final de semana outro filme paranaense, Carreras. Ainda prefiro Curitiba Zero Grau. Mas o que me faz escrever aqui é a tristeza que foi ver que, contando comigo, havia mais 7 pessoas na sala do cinema. Enquanto isso, o resto cheio (pelo menos me baseando na fila para compra do ingresso, porque era sábado á noite).
ResponderExcluirBem, não estou criticando quem não quer assistir, mas, sei lá, seria bom incentivar.
Para mim, a qualidade do cinema paranaense tem que melhorar (e que bom que sempre tem o que melhorar) mas também falta um pouco das pessoas incentivarem mais. Abç., Felipe.