domingo, 11 de agosto de 2013

A PARTICIPAÇÃO PARANAENSE NA PRODUÇÃO E EXIBIÇÃO DE FILMES: um espaço de atuação de pequenas empresas produtoras e distribuidoras.

Dados disponíveis na ANCINE permitiram traçar um panorama da participação do estado do Paraná na produção e exibição de longas-metragens nas salas de cinema do país. As informações disponíveis referem-se ao período compreendido entre 2007 e 2012.
Nesses seis anos, foram lançados 498 filmes de produção brasileira. Entre 2007 e 2010, a média de lançamento de filmes brasileiros ficou próxima a 80. Em 2011, houve um marco com o lançamento de 100 produções nacionais, mas em 2012, o total de lançamento ficou próximo da média dos outros anos, com 83 novos filmes.
Em 2013, dados divulgados pela ANCINE, apontam que até o mês de agosto foram lançados 57 filmes brasileiros de longa metragem no mercado exibidor, uma média de 8 filmes por mês. Se essa tendência se mantiver, os números de 2013 poderão igualar os resultados de 2011.
Na tabela a seguir visualizam-se os dados sobre lançamento de filmes brasileiros entre 2007 e 2012. Além dos dados nacionais, são demonstradas as informações sobre número de filmes, público e renda dos filmes paranaenses em cada ano.

LANÇAMENTO DE LONGAS-METRAGENS – 2007/2012
Ano
Filmes
Público
Renda (R$)
Brasil
Paraná
Brasil
Paraná
Brasil
Paraná
2012
83
3
19.654.796
24.006
199.780.836,25
107.415,64
2011
100
1
17.578.047
1.980
161.831.781,75
17.631,68
2010
74
1
24.464.112
1.205
218.031.092,60
6.908,00
2009
84
2
17.286.617
2.759
141.036.700,20
13.591,23
2008
79
2
8.617.003
90.498
66.080.770,46
808.377,00
2007
78
1
9.484.908
7.732
73.977.706,00
38.583,00
Total
498
10
97.085.483
128.180
860.738.887,26
992.506,55
Fonte: elaborado pelos autor com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br, acesso em 10/08/2013.

A participação paranaense na produção e lançamento de longas-metragens no período foi muito pequena. Em seis anos, o Paraná lançou apenas dez filmes, ou seja, 2% da produção brasileira de filmes. Todavia, os filmes paranaenses não foram bem sucedidos em termos de público e renda. As estatísticas demonstram que tanto em termos de público, quanto de renda, os filmes paranaenses representaram apenas 0,1% dos números nacionais.
O estado do Rio de Janeiro é responsável por quase 47% dos filmes lançados entre 2007 e 2012, tendo cerca de 85% do público e da renda dos filmes brasileiros nesse período. São Paulo é o segundo estado maior produtor de filmes de longa-metragem, 35% dos lançamentos no período. Mas, sua participação de público e renda cai para apenas 13%.
Além de Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, há mais sete estados com produção de longas-metragenS entre 2007 e 2012. Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm produção maior do que o Paraná e, também, conseguiram maior participação em público e renda. Ceará e Distrito Federal, em termos de público e renda superaram o Paraná, apesar de terem um menor número de filmes lançados. Por fim, Bahia, Pernambuco e Santa Catarina completam o quadro em posições inferiores ao Paraná. A tabela a seguir aponta a participação percentual de cada estado em número de filmes, público e renda.

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NA PRODUÇÃO DE LONGAS-METRAGENS NO BRASIL – 2007/2012
Estado
Filmes (%)
Público(%)
Renda(%)
RJ
46,8
84,8
84,9
SP
34,9
13,0
13,2
RS
4,4
0,4
0,3
MG
3,6
0,2
0,2
CE
1,8
0,1
0,9
DF
1,0
0,2
0,2
PR
2,0
0,1
0,1
BA
1,8
0,1
0,1
PE
2,0
0,06
0,06
SC
1,0
0,06
0,05
Fonte: elaborado pelo autor com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br, acesso em 10/08/2013.

Os dez filmes produzidos no Paraná e lançados no mercado exibidor brasileiro foram realizados por oito empresas. Apenas duas produtoras fizeram dois filmes cada uma. A Tecnokena Audiovisual e Multimídia Ltda foi a produtora dos dois filmes de Paulo Munhoz- Brichos e Brichos II – A floresta é nossa. A Citizencrane Produções Artísticas produziu o maior sucesso de público do cinema paranaense – Estômago - e Corpos Celestes.
Os outros seis filmes foram: Circular produzido pela Grafo Audiovisual; Curitiba Zero Grau pela Sirino & Silvestre; a Vigor Mortis Produções Artisticas foi a realizadora de Morgue Story; As Cantoras do Rádio surgiu da produção de Arte Lux Produções Cinematográfica; Mistérios foi produção de WG7 Agenciamento e Produções; e Sal da Terra surgiu dos esforços produtivos de Labo Vídeo Produções Artísticas.
A distribuição de quatro desses filmes foi pela própria produtora. Mas, quatro filmes foram distribuídos pela Panda Filmes (Corpos Celestes, As Cantoras do Rádio, Mistéryos e Brichos). Esta parece ser uma distribuidora de pequeno porte, pois entre 2007 e 2011 distribuiu apenas oito filmes nacionais. Morgue Story foi distribuído pela Moro Comunicação, que só fez essa distribuição nesse período.
Mas, o caso de Estômago, filme paranaense de maior bilheteria no período, foi uma distribuição da Downtown. Esta é uma distribuidora de maior porte, especializada no cinema brasileiro, atuante no mercado desde 2006. No período aqui analisado distribuiu 37 filmes isoladamente e mais sete filmes em parceria com outras distribuidoras.

FILMES PARANAENSES DE LONGA-METRAGEM – 2007/2012
Ano
Título
Diretor
Gênero
Renda (R$)
Público
2012
Brichos II - A floresta é nossa
Paulo Munhoz
Animação
132.815,81
16.267
Circular
Alysson Silva Muritiba, Fábio Allon, Adriano Esturilho, Diego Florentino e Bruno Oliveira
Ficção
16.996,60
1.978
Curitiba Zero Grau
Eloi Pires Ferreira
Ficção
47.125,51
19.674
2011
Corpos Celestes
Marcos Jorge e Fernando Severo
Ficção
17.631,68
1.980
2010
Morgue Story - Sangue, Baiacu e Quadrinhos
Paulo Biscaia Filho
Ficção
6.908,00
1.205
2009
As Cantoras do Rádio
Gil Barone e Marcos Avellar
Documentário
13.033,23
2.604
Mistéryos
Beto Carminatti e Pedro Merege
Ficção
558,00
155
2008
Estômago
Marcos Jorge
Ficção
808.377,00
90.498
O Sal da Terra
Elói Pires Ferreira
Ficção
ND
ND
2007
Brichos
Paulo Munhoz
Animação
38.583,00
7.732
Fonte: elaborado pelos autores com base em dados disponíveis em oca.ancine.gov.br, acesso em 10/08/2013.

Concluindo, ficam algumas questões: Como ampliar a participação do Paraná no mercado brasileiro? Essa situação se deve apenas à produção em baixo volume? Ou, como o caso de Estômago parece demonstrar, a distribuição apresenta melhor resultados quando feita por empresas especializada e não pela própria produtora? Quais outros aspectos da dinâmica do mercado cinematográfico brasileiro ajudam a explicar essa situação do cinema paranaense? Acesso ao fomento? Acesso às salas de exibição? Qualidade da produção? Desinteresse dos produtores na exibição, visto que muitas vezes os filmes são exibidos em festivais e tem seus custos cobertos pela utilização dos incentivos fiscais? Como superar o domínio de Rio de Janeiro e São Paulo? São muitas perguntas, que os dados analisados não permitem responder.

Um comentário:

  1. Fui assistir neste final de semana outro filme paranaense, Carreras. Ainda prefiro Curitiba Zero Grau. Mas o que me faz escrever aqui é a tristeza que foi ver que, contando comigo, havia mais 7 pessoas na sala do cinema. Enquanto isso, o resto cheio (pelo menos me baseando na fila para compra do ingresso, porque era sábado á noite).
    Bem, não estou criticando quem não quer assistir, mas, sei lá, seria bom incentivar.
    Para mim, a qualidade do cinema paranaense tem que melhorar (e que bom que sempre tem o que melhorar) mas também falta um pouco das pessoas incentivarem mais. Abç., Felipe.

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