Minha atenção de pesquisador na área do empreendedorismo foi atraída por um tema que já foi objeto de estudo de muitos aqui no Brasil e no exterior: o capital social empreendedor. Minha primeira aproximação a esse tema deu-se quando Sara e eu realizamos um pequeno estudo sobre a criação de uma empresa de cicloturismo em Curitiba - a KuritBike Cicloturismo Urbano (http://novo.kuritbike.com/). A partir de uma entrevista com o criador da KuritBike, procuramos identificar como esse empreendedor usou sua rede de contatos para obter acesso a recursos necessários para a criação e manutenção de sua empresa no mercado. De forma muito resumida, o capital social empreendedor diz respeito aos contatos que um empreendedor ou uma empreendedora utiliza no sentido de obter acesso a recursos (financeiros, informacionais, materiais, de conhecimento, etc) que facilitem o surgimento da empresa em primeiro lugar e, depois, sua permanência bem sucedida no espaço competitivo que é o mercado.
Há uma literatura grande sobre esse tema, mas hoje quero falar de um texto que meu amigo Cândido Borges escreveu em co-autoria com o professor Louis Jacques Filion e que foi publicado no número 1 do primeiro volume da Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas - REGEPE (http://www.regepe.org.br/index.php/regepe/article/view/12). No artigo Evolução do capital social empreendedor dos spin-offs universitários, Cândido e Filion descrevem o resultado de uma pesquisa com oito empresas que tiveram sua origem ligada a alguma instituição de ensino superior, mostrando como o capital social de seus empreendedores foi se tornando cada vez mais diversificado e numeroso conforme as empresas progrediam nas etapas de sua criação. Nesse texto, os dois pesquisadores adotam um modelo que divide a criação de uma empresa em quatro estágios distintos: iniciação, preparação, lançamento e consolidação.
O trabalho de Cândido e Filion é uma excelente introdução ao tema do capital social empreendedor. Recomendo sua leitura a quem quer começar uma jornada de estudos nesse campo do conhecimento. Além disso, o artigo tem uma escrita de excelente qualidade, tanto do ponto de vista científico quanto do ponto de vista de capacidade de comunicar claramente seus resultados!
Nessa minha vida que junta atividades de professor, pesquisador e gestor, em paralelo aos meus estudos, continuo minhas funções como Coordenador de Empreendedorismo e Incubação de Empresas da Agência de Inovação UFPR. No momento, tenho dedicado muito esforço na condução do curso de extensão Bota pra Fazer, em parceria com o Instituto Endeavor Brasil, destinado à capacitação de estudantes da Universidade Federal do Paraná, cujo objetivo é fazer com que os participantes sejam capazes de se reconhecer como potenciais empreendedores e auxiliá-los no desenvolvimento de sua capacidade empreendedora, na identificação de oportunidades para empreender e na elaboração de um plano de negócio que leve, eventualmente, à criação de uma nova empresa.
Assim, estou revendo o conteúdo desse curso, um pouco a cada dia, visando me preparar para poder conversar com os alunos sobre seu conteúdo e esclarecer eventuais dúvida. Hoje, tive a oportunidade de assistir um vídeo com o depoimento do Marcelo Sales, que faz parte do conteúdo do curso, cujo título é As conexões que movem a vida. Esse vídeo está disponível no seguinte site: https://www.youtube.com/watch?v=JR7Omeoatek.
Marcelo Sales, mais que empreendedor bem sucedido, é um comunicador nato e faz um depoimento cheio de graça e simpatia, além, é claro, de compartilhar muito conhecimento útil para potenciais empreendedores. Foi muito legal poder aprender com ele sobre como sua rede de contatos (conexões) foi importante na construção de seu sucesso empreendedor ao longo de vários momento de sua vida.
A ligação entre o artigo de Cândido e Filion com o depoimento de Marcelo Sales surge fortemente nos trechos em que Marcelo Sales conta sobre as conexões que buscou no mundo dos negócios quando queria tornar efetivas as ideias empreendedoras que tinha junto com seus sócios. Muito legal poder ver como a experiência desse empreendedor é mais um exemplo de que a conclusão do estudo de Cândido e Filion faz todo o sentido, ou seja, para esses autores, o capital social empreendedor passa de uma rede majoritariamente tecnológica a uma rede mais diversificada, que inclui todas as categorias de rede (de suporte, de financiamento e outras) e uma composição contando proporcionalmente com cada vez mais contatos de negócio.
Leiam o texto e vejam o vídeo ou vejam o vídeo e leiam o texto. Se aprende muito com ambos!
P.S.: O estudo que Sara e eu realizamos será submetido a algum periódico e espero que um dia esteja disponível para leitura.
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