Ao final de 2020, fui comprar alguns pães e guloseimas na Padaria America em Curitiba. Uma pequena empresa familiar e centenária que entrou em minha rotina de compras nesse tempo pandêmico em que estamos vivendo. Naquele dia ganhei um presente que me trouxe memórias dos tempos do Gimenez.
Mas, antes de contar o que ganhei, vale a pena dizer como me tornei freguês assíduo da Padaria América. Isso aconteceu porque, durante a pandemia, percebendo as dificuldades que proprietários de pequenas empresas estavam enfrentando, decidi fazer compras, preferencialmente, no pequeno varejo da vizinhança, ao invés das grandes redes varejistas. Dessa forma, passei a ser cliente da Farmácia do Jorge, do açougue Catedral, com o cordial atendimento do Edson, de um minimercado nas proximidades do prédio histórico da UFPR, de duas quitandas, uma próxima ao minimercado e outra na praça Dezenove de Dezembro.
Vez ou outra, ainda faço compras em uma das redes de varejo, por aplicativo e para entregar em casa. No entanto sempre que tenho a oportunidade, vou a algum pequeno negócio. Outro dia, enquanto caminhava pelo centro de Curitiba, entrei em uma loja de doces que são inúmeras na região. Comprei uma caixa de bombons. Em outra ocasião, também em minhas caminhadas, entrei no Armazém Califórnia e comprei algumas porções das delícias da culinária árabe que ali se encontram.Também, Edra e eu criamos o hábito de comprar frutas, verduras, peixes e frutos do mar na feirinha de orgânicos aos sábados no Passeio Público.
Nesses 18 meses de pandemia, infelizmente, vi muitas portas se cerrarem para não abrirem mais. Mas vi, também, novos pequenos negócios surgirem, com alguns que parecem se firmar. É o caso do Empório Sandú, loja de produtos naturais na rua Riachuelo, aberta há alguns meses por um pai e um casal de filhos. Torcendo por eles, sempre que posso, compro algo lá. Amendoim japonês, damasco, castanhas e nozes. É uma variedade de produtos, mais de 500 conforme me contaram, em um espaço de não mais que 30 metros quadrados. E o atendimento de uma cortesia imensa! Enfim, meu lema tem sido o de comprar localmente e do pequeno comerciante sempre que possível.
A esta altura do texto, pode ser que alguma leitora ou leitor mais impaciente já tenha abandonado esta escrita. Afinal, o que foi que ganhei na Padaria América ao final de 2020?
No caixa, a atendente me perguntou se eu já havia ganhado a folhinha da Padaria América. Diante de minha resposta negativa, ela me deu uma. Uma folhinha de calendário! Imediatamente minha memória viajou para os tempos do Gimenez e a distribuição de folhinhas do Supermercado Gimenez. Nove meses depois, como se fosse uma gestação materna, ontem enquanto viajava para Londrina me veio à mente a lembrança e, dela, a vontade de contar sobre isso a você, leitora ou leitor perseverante.
Então, durante o mês de dezembro, era a época de agradar a freguesia do Supermercado Gimenez. Uma tradição de muitos anos. Nós enrolavamos as folhinhas em forma de tubo. Elas eram presas com uma folha de papel ao seu redor, em uma das pontas, sendo parte dessa folha enfiada por dentro do tubo, ficando fixa sem necessidade de fita adesiva. E durante esse tempo seu Christovam e dona Kilda iam distribuindo as folhinhas aos fregueses e freguesas mais assíduos.
Aos mais queridos ou com maior prestígio na casa, havia um brinde adicional. Durante muitos anos, junto com a folhinha, esses privilegiados ganhavam um garrafa de sidra de maçã Rossoni devidamente embrulhada para presente.
Ah. memórias dos tempos do Gimenez! Quando penso que acabei, sempre surge mais uma. Qualquer dia desses, conto outra sobre como no Gimenez se procurava agradar clientes e gerar faturamento. Em especial no mês de dezembro que era época de gerar reservas para o período mais fraco das férias escolares de janeiro e fevereiro. Mas, fica pra outro dia.
Fernando, que saudades daquele tempo,pena que o tempo não volta mais.
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