sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Casa nova, foto velha e eu construindo caminhos...


Para Ariston, em agradecimento pela sugestão.


Fernanda compartilhou no Facebook uma foto em que Telma e eu estamos bem jovens, Tirada entre o final dos anos 70 e começo dos 80, foi em um momento antes do casamento, se não me falha a memória. Momentos felizes foi a primeira emoção que me veio à mente. Ao coração seria mais preciso, não fosse a biologia!

Paloma nasceu quando nós já estávamos juntos há quase nove anos. Fernanda juntou-se a nós, um ano e quatro meses depois. O casamento durou mais uma década, talvez onze anos. Ao todo, foram mais de vinte anos. Cumplicidade amorosa temperada pela chegada dessas meninas lindas. Felicidade nas escolhas compartilhadas foi iluminando os meus caminhos de então.

Em algum momento, os caminhos se separaram. Dolorida no começo, a separação foi sendo compreendida e suportada aos poucos. Como na maioria dos casos, acredito, palavras voaram como facas de um atirador de circo mal treinado: machucaram, feriram, mas não foram mortíferas. É provável que nossa memória, tão mais inteligente do que nós, tenha enterrado todas em um canto escuro e inacessível.

Paloma e Fernanda enfrentaram o vendaval. Como puderam. Feridas também! Ficaram morando com a mãe. O pai tentou se fazer presente. Algumas vezes não conseguiu. Terão sido muitas? Espero que não. Mas para elas devem ter sabido a infinitas! Teria eu, por um tempo, esquecido como ser pai? Para elas, também, espero que a memória tenha sido uma aliada. Mas, vez ou outra, uma adaga ressurge. Torço para que a ferida reaberta seja pequena e cicatrize logo.

Final dos anos 90 marca o encontro com Sara. Risada contagiante que me ajudou na caminhada maringaense. Amor maduro que requereu aprendizado. Nem sempre foi fácil, mas valeu o esforço. Cada vez mais cumplicidade em caminhos distintos que se cruzam em algumas paragens. Junto a Sara, Amanda e Marcelo conhecem esse homem de fora, de poucas palavras, mas de sorriso fácil. Em um churrasco, na casa de Paulo, ao invés de ver jogo da seleção brasileira na Copa de 1998, prefiro ficar conversando com Marcelo, então com 9 anos. Sara observava. Deu no que deu! Que bom!

Aos 41, tudo se transforma de repente em minha vida. Os caminhos acadêmicos tornam-se menos solitários com a presença de Paulo, Ariston e Crubellate. Grandes conversas semanais em uma mesa de restaurante, muitas vezes continuadas nas salas da UEM. Olhares distintos que se completavam em trabalhos acadêmicos que me ajudavam a compreender melhor aquilo que estudava.

Fora da academia, fui afetando a vida de Sara, Amanda e Marcelo. Um forasteiro londrinense, meio calado, não muito chegado a beijos e abraços. Um dia leva todos para fora da casa da vó. Com o casamento, vamos morar na XV de Novembro, em Maringá. Algum tempo depois, para mais longe ainda. Nos mudamos pra Curitiba. O que seria uma temporada de quatro anos, já passou de uma década!

Nesses anos da vida adulta, que começa pelos idos de 1977, ocorre a saída da empresa familiar e o aprofundamento na vida universitária a partir de 1981. Chego ao topo da jornada em 2012: professor titular na UFPR. Segundo alguns, poderoso! Ainda não descobri em que! Mas, carrego comigo um senso de realização muito grande. Estudioso das pequenas empresas e depois do empreendedorismo, me sinto vaidoso quando me dizem referência. 

Me lembro de 1988, primeiro congresso internacional na Finlândia. Conheço Allan Gibb, que alguém me apresenta como o Mr Small Business da Inglaterra. Na época pensei:

_ Será que serei algo parecido um dia no Brasil?

Mais importante que tudo isso, são as amizades que surgiram em cada canto: Paulo Hayashi, Fábio Vizeu, Edmundo Inácio, Jane Mendes, Simone Ramos e Nobuiuki Ito. Acho que não podem imaginar o significado que deram a meus caminhos.

Depois da crise de 2010, um renascimento. Algo como surgir das cinzas! Vontade de construir novos caminhos. Viro blogueiro, poeta e estudante de cinema. Me maravilho com as novas paisagens! No começo Sara se assusta. Depois compreende. É o apoio dela, de Paloma e Fernanda que me faz ousar nessas trilhas. Um apoio que se mostra no olhar, no carinho e no afeto de cada uma. Não é preciso nada além disso!

Só fico em dúvida se tenho sido capaz de retribuir como elas merecem. Afinal de contas, sou geminiano! Uma amiga, me disse uma vez, ao me saber geminiano:

_ Tenho pena de sua mulher! Ela nunca terá certeza sobre seus sentimentos!

Fiquei chocado!


Nesse novos caminhos, planejo algo diferente: uma revista de cinema. Mas, uma revista livre, sem avaliação de artigos, sem comitê científico. Apenas, a presença de um coordenador que vai estruturar as edições periódicas e checar formatos. Um mínimo de padronização. O valor de cada texto será o leitor quem decidirá. Peço a ajuda competente de Admir Pancote que cria o site da Cinema Livre em Revista: relici.org.br. Empreendo!

Em breve em uma sala perto de você!

4 comentários:

  1. Fernando, você é, e sabe disso, uma pessoa admirável. Uma de suas virtudes que mais admiro é a coragem, Não me refiro à coragem da força mas à coragem de das palavras, melhor dizendo, do ato de dizer, em especial de dizer de si. Poucos se atrevem a tais atos. A grande maioria de nós é medrosa e tenta disfarçar o medo. Grande abraço.

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  2. Fernando, obrigada pela generosidade do olhar retrospectivo. Narrativas são um jeito de dizer de si e fico contente em conhecer as metáforas que orientam sua vida. Lembra-se de que eu disse que numa separação a primeira vítima são os pronomes inclusivos? Bom saber que eles estão de volta, agora com outros personagens. Um beijo

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  3. Telma, obrigado por sua generosidade também. Creio que sem metáforas não saberia significar minha vida. Se cuida.

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