quinta-feira, 3 de maio de 2012

Buscando o DNA do empreendedor

O autor da expressão que dá título a esse post foi o Bruno Henrique Fernandes, professor do programa de mestrado e doutorado em administração da Universidade Positivo. Bruno, João Carlos de Andrade, Cristina Peters Tetto, Yára Bulgacov e eu desenvolvemos um projeto de pesquisa, em parceria com o SEBRAE-Pr, cujo objetivo era identificar variáveis que se revelassem significativas para associar determinados perfis empreendedores a tipos de negócios específicos.
Nosso projeto envolveu a análise de aspectos relacionados a três tipos de variáveis realcionadas ao estilo de vida do potencial empreendedor, áreas de conhecimento relevantes para o tipo de negócio a ser aberto e dimensões do ambiente competitivo no qual seria aberta a futura empresa.
Tendo por base um conjunto de 30 perfis de oportunidades de negócios, foram elaboradas 36 questões para compor um instrumento de coleta de dados junto a empreendedores. Cada questão era avaliada em um escala do tipo Likert. sendo que as questões foram inicialmente validadas em um workshop com técnicos do SEBRAE-Pr, para definir um perfil esperado de um ptoencial empreendedor em cada tipo de negócio. Em seguida, foram coletados dados com 30 empreendedores bem sucedidos buscando comparar o perfil ideal com o perfil dos empreendedores reais.
Nossa expectativa era gerar um conjunto de perfis ideais que poderiam ser utilizados em programas do SEBRAE-Pr voltados à orientação de pesoas interessadas em abrir uma empresa. Os perfis poderiam ser utilizados como um primeiro instrumento de triagem e avaliação do ajuste entre o futuro empreendedor e a idéia de empresa que buscava empreender. Como o instrumento usava uma escla do tipo LIkert, Bruno brincou que estávamos busando o DNA de diferentes tipos de empreendedores, já que o resultado do instrumento gerava uma série de números variando entre 1 e 5. A lógica subjacente a este estudo era orientada pela abordagem das configurações. Nesse sentido, configurações de diferentes estados de variáveis do indivíduo, da empresa e do ambiente de negócio podem surgir levando a formatos estávei e instáveis. Os formatos estáveis tem um potencial de maior sucesso, enquanto que configurações instáveis levariam a empreendimento mal sucedidos.
Lembrei-me desse estudo hoje, quando estava assistindo a o filme argentino "Um conto chinês". Nesse filme, o brilhante ator Ricardo Darín personifica um proprietário de pequena empresa, Roberto, que se vê envolvido com um chinês, que não fala nem uma palavra de espanhol, e que chega à Argentina em busca de seu tio, irmão mais velho de seu pai, único parente que lhe restara na vida. O filme é delicioso, e o personagem vivido por Darín é um solteirão, muito sistemático, altamente organizado, proprietário de uma pequena loja de ferragens. O personagem é tão sistemático, que conta o número de parafusos que vem em cada caixa que recebe para verificar se é a quantidade marcada na embalagem. O que invariavelmente não é, deixando-o muito irritado. Além disso, o personagem de Darín tem um horário rigidamente controlado, inclusive para cair no sono! O filme é imperdível! O personagem tem uma mania, que não vou revelar, pois está intimamente ligada a história de filme. O inicio dessa mania é altamente emocionante e nos faz pensar no lado absurdo de nossa vida.
Para mim, o dono e a loja de ferragens se encaixam como luvas às maõs adequadas. Uma loja de ferragens, com uma quantidade imensa de produtos, de variados tamanhos, necessita de alguém muito organizado e sistemático para funcionar. O personagem de Darín e pequena empresa são a representação ficcional daquilo que buscávamos em nosso projeto.
Para o leitor que quiser conhecer um pouco mais do estudo, sugiro a leitura de um texto que publicamos em 2007, no III Encontro de Estudos de Estratégia, promovido pela ANPAD, cujo título é Potencial Empreendedor para Tipos de Negócios: um Estudo Exploratório. Além disso,  a dissertação de mestrado do João Crrlos, orientado pelo Bruno, pode ser acessada no sítio do Mestrado em Administração da Positivo, cujo título foi Dimensões da Prática Empreendedora: um estudo empírico com analistas e empresários, tendo sido defendida em 2008.

2 comentários:

  1. Olá Gimenez,

    gostei muito deste artigo! Interessante a parte do ator do filme, que na verdade tem TOC (transtorno obsessivo compulsivo), o que me lembra o filme de Jack Nicholson "Melhor é impossível", em que fazia o papel de um escritor...

    Enfim, entendo bem a situação dos dois, na pele, se é que me compreende, e acho interessante a análise que fez, ou seja, de que o empreendedor neste caso do filme teria como qualidade o TOC, para que o seu negócio desse certo. Boa dica, vou assistir...

    Parabéns pelo estudo e darei uma olhada no artigo de 2007 e na dissertação do João Carlos.

    Beijos,

    Roberta.

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  2. Oi Roberta,

    Quem diria que TOC pode ser um indicador de potencial empreendedor! rs rs rs
    Abraços

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